11 de Setembro
Nunca sabemos o que vai acontecer daqui a pouco, amanhã é
um mistério inexpugnável, prenhe de suspense. E era assim
que o 10 de setembro de 2001 olhava para o dia seguinte,
carregado de anseios, ou despido de desejos, ignorando
tudo o que não fosse agora.
Até que o cinema resolveu dispensar estúdios, efeitos
especiais, tela branca, sala escura. E no meio da manhã o
século 21 nascia das chamas, da queda em slow motion de
toneladas de concreto e aço e carne e ossos e papel e
pixels e zeros e uns, ao vivo para todo o planeta.
O mundo não seria mais o mesmo, tem piorado desde então.
Basta ver as catástrofes, não as naturais, mas as que
naturalmente os homens inventam para destruir a si mesmos.
Já vão cinco anos desde que essa desumanidade aconteceu.
As coisas não vão melhorar em breve, não sob a mão do
homem, ou do mal. Para onde vamos depende de cada um de
nós. Somos todos torres alvejadas constantemente, nos
compete resistir e procurar a maneira certa de nos
mantermos em pé e para sempre.