Complexos e reflexos
     
Águida Hettwer

    
   
A vida não é um reality show manipulado. Ao deitar os olhos, entretanto levamos para cama às preocupações, os aborrecimentos do dia-a-dia, as frustrações amontoadas dos anos. Nesta efêmera passagem, idealizamos coisas e pessoas.
 
 
   Não há como não indagar o jogo irreverente da vida. Perguntas seguindo respostas, inquietações ardentes da alma. O exprimir da existência, pois navegar é preciso, sobreviver é obrigação. Nó na garganta difícil de digerir. Filhos bastardos da loucura, que matam por diversão.
 
 
   Selva de pedra nos rodeia. Contrapondo desigualdades sociais gritantes, hostilidade perante aqueles infortúnios andantes sem rumo. Mal trajados, sujos a mercê da indiferença da sociedade. Contudo lhe falta o senso, a garra de querer mudar e fazer a diferença. Acostumados a pedir trocados, vivem por viver. Permitindo dar seqüência a uma herança de miséria.
 
 
 No templo de nossos anseios mais profundos, refletimos o verdadeiro significado de nossa existência e valores. O peso que damos as relações e padrões implantados desde a infância. O saber respeitar a individualidade, opções contrárias as nossas, saboreamos a essência da tolerância.
 
 
  Não basta estar vivo. E sim a qualidade de como vivemos. A maturidade bate a porta e percebemos o valor dos pequenos gestos. O zelo, a compreensão, o silêncio precioso na hora exata. Há conquistas que não se compra por nenhuma grama de ouro. Na há melhor herança, do que a vontade de lutar.
 
 
 
 
                                                                                                   08.07.2010