BEM "LOST" ,
COM CERTEZA...
Eu juro que ia pro mundo do Lost, aquela piração toda, se era pra ter essa imagem do paraíso diante dos meus olhos e ao alcance da minha mão, e do resto também...
E não sendo possível a minha ida, bem que o Sawyer, aquele californiano tudo de bom, tendo de repente se enfarado de tanto filmar aquela interminável série dos perdidos na noite e nos dias de uma ilha, podia ter um ato de rebeldia, coisa que aliás lhe cai tão bem, e vir aterrissar bem aqui no meu apartamento confortável. Ele que é obrigado a ficar de regra três do mocinho, um com cara de que lambeu vinagre, apesar de bem talhado, mas com o peso de ser o ponderado e líder correto. Cansado da disputa pela bastante razoável mocinha, Sawyer bem que podia de repente, num dos intervalos da filmagem, em desesperada tentativa de fugir da mesmice, resolver acessar a internet e, como resultado de uma chance em 330 zilhões, cair bem na minha home page e instantaneamente concluir que eu sou a mulher que poderá fazer dele um homem feliz, pelo menos por uns dois dias.
Sendo assim, ir correndo para o aeroporto e tomar o primeiro vôo para Porto Alegre, tendo já conseguido meu telefone e ligado pra mim, combinando tudo. E aí, bem nessa hora, provavelmente eu caísse da cama , pois teria estado certamente dormindo, ou seja, sonhando, e, bem desperta, ia me dar conta de que já não sou aquela de outros tempos mais promissores...
Cair na real não é mesmo algo que deva ser enfiado goela abaixo bem numa segunda feira de despertar um tanto lento, nestes meus dias mais pra retranca do que pra disputa no corpo a corpo pelo gol da felicidade instantânea.
Já dizia a minha Tia Teresa, animada a olhar o apresentador do tele-jornal: "que home tchê... Ué... eu gosto de olhar, por que não?" Tudo certo contigo, tia, porque tava todo mundo gostando, mas ninguém queria falar...( bem explicado que isso ocorreu em eras pretéritas). No máximo, uns risinhos contidos, pra descarregar um pouco da emoção produzida pela paisagem, uns suspiros mal disfarçados...tantos desejos sufocados nestes anos de seus casamentos.
Mas ta decidido, hoje novamente sonharei estar lá no universo paralelo daquela série um tanto paranóica, aonde pra mim e certamente para um sem fim de mulheres , o que vale mesmo são os homens. Sendo assim, além do supra-citado, ainda há o "iraniano" Sayid, indiano nascido na Inglaterra, ator de O Paciente Inglês, onde contracenou com Juliette Binoche, aquela francesa que, pra alegria geral feminina, não é propriamente uma gostosa. E isso nos deixa tranquilas na comparação entre nossas nem tão generosas formas, e as da "nurse" um tanto angulosa.
Esse exuberante espécime, com sua bronzeada tez, ensombreada por uma barba escura e olhos terrivelmente negros e sedutores, faria a felicidade de tantas solitárias. Bastava, para tanto, um sorriso de dentifrício e clareamento iluminando as retinas dessas sobreviventes de longos casamentos falidos, enfaradas da visão doméstica lunar, feita de ventres inflados,olhos embuchados , sorrisos amarelos, flatulências rotineiras e sinusites barulhentas, só pra encurtar a descrição cretina.
O indiano inglês é, sem dúvida, um exemplar ilustre na nobre missão de fazer a alegria de muitas de nós, que, vamos convir, beleza não tem cor, esse negócio de prefiro os loiros é conversa de quem não arrumou ninguém ou não se anima a encarar os principalmentes de um verdadeiro tête a tête íntimo.
E o telefone está tocando, vai ver é "ele" querendo saber por que eu ainda não disse se aceito ou não que ele venha me encontrar. Tais pensando que é o Sawyer? O Sayid quem sabe... Pudera ... Agora eu é que to "lost" com a habitual cantilena que já anteouço nesta sexta-feira à tardinha, to mais "lost" do que nunca e pego o fone para ouvir o recado de sempre: " to ligando pra avisar que tenho reunião de negócios e talvez só volte na segunda. Ah... e não esquece de mandar meus ternos pra lavanderia !
Não...não to tendo choque de realidade, to mesmo é me esborrachando nela há muito tempo, só que uso air-bag de caradura e acomodação e vou levando. Este ilustre senhor com quem me casei há muitos anos agora decidiu que seu dinheiro é tudo que ele não tem: macheza, beleza, simpatia, o que o torna um espécime com cotação altíssima no mercado das livres iniciativas galantes. Quem ele pensa que é??? Boa pergunta- clichê para cidadãs perplexas e descontentes com sua cara-metade, carecas de saber o que ele pensa que ela é, isso sim. Agora, se tu, mulher sem imaginação e sem iniciativa, vier me dizer "os homens são todos iguais", eu juro, viu? Juro que te parto em duas...