Traumatizados do DETRAN
"Teste a sua inteligência..."
Convocamos os reprovados para reunião onde será tratada a neurastenia de repetição sobre o fracasso na luta pela busca da carteira de motorista. Sabendo que cada erro é pesado em ouro para satisfação do departamento. O ir e vir “negociado” com as regras abusivas revela-nos todo o circo muito pouco pedagógico. Dona Marília rodou cinco vezes na baliza, com a palavra Dona Marília: Bem, eu odeio Fiat. Com minha limousine estaciono sem problema. Deixa claro que ao passar pelas provas ficou ex-milionária tentando tirar carteira de habilitação.
Pedreira, reprovado oito vezes, graças ao carro que se apaga na ladeira em segunda marcha, abriu a bocarra. Queria ver: ...Se os professores tivessem direito de cobrar prova em sala de aula. Duas tartarugas a cada nova aplicada no aluno com adicional pelo trajeto. Professor não pode, porque o DETRAN pode? Renach? Professor devia ter direito a “renach” grátis pelo direito de acesso à sala de aula. Vai ver se não haveria de pedir em cada prova a definição de metro... Lucro danado.
Dona Zuzí vê no fenômeno a exploração dos novatos. É coisa horrível, detestável, a gente pega nojo, começa a ficar doente de saber que tudo é elaborado (perfeitamente de acordo com a burocracia administrativa) para dar errado e lucro. Assim não dá! Exame disparissonante com a pose de "muito justo", não dá certo. Errou perdeu dinheiro na lata. Povo otário.
Na sala o grande público que se formou na reunião se agitava, havia nervosismo. Os desabafes continuaram: entrei para tirar carteira e me levantaram a carteira. Aparte. Sem carteira não dirigimos, Seu Rosca. Rosca dos fracassos, nunca imaginou que fosse se sentir espoliado pelo ritual de passagem na sua idade por uma carteira sebosa para dirigir automóvel. Vergonhoso, somos expostos a draconiana avaliação de um jogo de azar. Treinar sim, reprovar sem remuneração já! Eis a questão.
Manoel, filósofo, sempre com passivo, teve um jeito novo de ver a coisa: Conhece-te a ti mesmo e ao carro! Mas suspeita do carro usado. Suspeita de tudo... Sendo apenas esse teatro idiota para idiotas simularem inutilmente uma situação de trânsito que leva a imobilidade. Deus! Ser reprovado no estacionamento... Sem avaliação das horas de experimentação, vôo. Fosse avião seria válido. Permaneceria no limite do jogo. Contra a remuneração reprovada!
A Garota Mimada levantou e desabafou: Acreditava que a carteira de motorista fosse ocorrer de modo normal e não numa espécie de labirinto kafkaniano, porém a cada reprovação o ódio contra o departamento aumentava. Errou, levou mordida. Emagreceu, deixou de comer: "não me estão habilitando, estão fervendo os meus miolos". Alguém disse: “disgramatismo”, mas como eram muitos os reprovados e todos com queixas gordas de tão sinceras sobre a exploração; a sessão terminou seguindo cada um a pé para casa. Todos com pouco dinheiro é claro, além de muita confiança ingênua depositada nesse sistema perfeitamente elaborado para dar um documento de ir e vir. Rodou, pagou.
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Em muitos casos andar a pé é mais honesto.