NA CABEÇA!
O que vem por aí em termos cerebrais é fascinante e ao mesmo tempo um assombroso novo modo de viver a vida. Não se trata do desvendamento dos mistérios da mente ainda, apenas da massa encefálica, aquele monte de miolos-moles cinza e branco. Eu que já estou acostumado a pensar com a minha própria cabeça (e não estou falando de influências de outras) não me assusto com muitas coisas. Afinal, a gente se acostuma a tudo, não é mesmo? Basta vir uma novidade, maciçamente propagandeada e, uma resitenciazinha aqui, outra ali, e logo, logo, todo mundo adere dizendo que é evolução. Há pouco tempo tinha um cara que ficou famoso na televisão e cujo bordão que lhe garantiu uma fama era “faz parte”, quem não se lembra? Esse irritante conformismo sem explicar nada e se contentar resignadamente com tudo é o maior símbolo do senso comum traduzido em expressões de domínio popular. Condensar todo o pensamento manipulado no “faz parte”.
Bom, eu assisti a um programa no canal Discovey Science que tratava do cérebro humano. O que os cientistas estão fazendo para escarafunchar os escaninhos da massa encefálica não é brincadeira, não! Depois de descobrirem cada setor e dar-lhes nomes tipo córtex, lobo, cerebelo e outras partes que esqueci, já sabem a função de muitas coisas, como agem de forma independente o lado direito e esquerdo, mas solidários e integrados. Agora estão conseguindo isolar alguns mecanismos responsáveis por certas coisas que acontecem na vida da gente.
No programa, por exemplo, mostraram uma cirurgia onde foi extirpada uma pelezinha, um pedacinho estragado que era responsável por ataques epiléticos. A pessoa se curou e nunca mais precisou de medicamentos. Descobriram áreas onde aconteceram traumas, seja psicológicos ou fiscos e eliminaram com uma eficiência de dar gosto. Quanto mais vão escaneando e digitalizando os procedimentos, mais avanços vão conseguindo. Chegaram ao ponto de acompanhar uma mulher em pleno orgasmo através de uma ressonância magnética. Muito legal o processo. O cérebro dela estava doidão no momento clímax. Tem razão, pois os cientistas afirmam que, ao contrário do que muita gente pensa, o maior órgão sexual que possuímos não está do pescoço para baixo. É mesmo o fantástico cérebro. Disseram ainda que esse é um problema que não vai mais acontecer daqui a pouco tempo. Isso combinado com o fim das broxadas masculinas graças aos comprimidinhos azuis vai aposentar de vez a frustração sexual de quem se interessar. Desse modo, o “comandante” vai, daqui a pouco, poder ser programado. É o homem imitando a máquina, quem diria!
Imagine a raiva poder ser controlada por chip no lugar de uma massa revolta, amansada por fortes remédios que causam vários efeitos colaterais? O esquecimento em quem você votou nas últimas eleições, de onde colocou as chaves ou do horário de um compromisso sem necessidade de anotação será coisa do passado. A fome, o medo, a angústia, a tristeza, a saudade (será?). Tudo isso controlado por um simples aperto de botão de um controle remoto (o único inconveniente que vejo ate agora é ter que andar com mais um aparelho no bolso ou na bolsa).
Só com o pensamento ainda não conseguiram mexer com a ajuda da tecnologia. Mas com o senso comum do jeito que é, vai ser necessário?