O cajueiro
Debaixo do cajueiro, daqui de onde estou, vejo as pedras saltando do solo. Teimosas em permanecer onde outrora mãos hábeis as bateram contra o solo.
Daqui de onde estou.
Vejo um cajueiro "sessentão" de copa larga mas falha em várias etapas.
Mais a frente vejo a estrada onde os carros vão e vem, na pressa de sempre, porque o tempo urge.
Sentada daqui de onde estou.
Vejo um homem à minha esquerda, insistentemente e irritantemente batendo o pé no chão. Revolve folhas de papel em suas mãos, possíveis relatórios, fuma um cigarro.
Do outro lado do asfalto, um muro baixo, parcialmente coberto por pedras que mãos hábeis esculpiram e pregaram na parede.
Uma casa com varanda em arcos brancos. Telhado em duas etapas, mais cajueiros, mangueiras e coqueiros. Há muita sombra lá. Aqui não.
O cajueiro daqui é de copa larga, mas falha.
Derruba muitas formigas que passeiam nesta folha, nesta mão que segura a caneta e neste braço que sustenta o caderno.E um lugar muito bonito este aqui, onde estou.
Bate no meu rosto muito vento. Não cai uma folha do cajueiro. Só formiga.
Formiga.
Formiga.
Meu coração por você. Daqui de onde estou, com as portuguesas pedras revolvidas ao chão, a casa branca com seus arcos e telhado, mangueira e coqueiro, os carros que vão e vem e o cajueiro de copa larga, mas falha.
Falha.
Falha meu coração na batida. Esquece de bater, formigando por você.