Agradecendo
Era um menino gordinho, mas não a ponto de ser obeso, diziam que era fortinho e digamos que estava de sobrepeso. Como todos de sua idade não dispensava um brinquedo, gostava mais dos de madeira, porque por suas mãos eram feitos. Alguns eram bem simples, na verdade simples até demais, duas ripas pregada em cruz eram o avião de um ás. Adorava bolinhas de sabão pois era fácil obtê-las, precisava de apenas um arame em forma da letra pê, um pouquinho de OMO e o ar dos pulmões para fazê-las. Um dia disse a mãe que queria ser lixeiro, ela até tentou dissuadi-lo, mas quem conhece teimosia de criança entende o porquê dela ter desistido. A mãe sempre dizia para não pular em cima da cama, mas como iria dar pulos acrobáticos brigando com seus amigos imaginários e além do mais nunca quebrou um osso, apenas uns 5 estrados. Chorou muito, mas muito mesmo, quando aquilo aconteceu, acho que quase a água do corpo inteiro, no dia que seu pai morreu, mas sorriu muito, muito mesmo, com as lembranças que ele lhe deu. Gostava de fantasiar aventuras e cenas de cinema, que readaptava e com seus amigos encenava e quando juntam-se de novo, sempre riem-se uns dos outros, relembrando apenas coisas alegres, nunca desgostos. Sempre achou e ainda acha engraçado, quando as pessoas comentam que era alegre com muito pouco, porque até hoje o menino acha que sempre teve mais do que precisava.
"Nós temos mania de reclamar só do que não tivemos e nos esquecemos de agradecer pelo tudo que ainda temos."