JANELAS   EM     CHAMAS. (BVIW) 
 
   Apaixonara-se pelo homem grisalho desde a primeira vez que o vira no umbral do ateliê de artes. Passava por aquela rua todos os finais de tarde e depois daquele primeiro dia, ele estava sempre na janela, por trás das cortinas rendadas.Ela fingia não vê-lo, passava altaneira e inacessível, mas o coração denunciava o quanto desejava que ele a notasse.Era o seu homem!.
    O homem grisalho tomara-se de amores pela moça bonita, orgulhosa e distante, que passava todos os finais de tarde pela sua janela.Quanto sonhava em ter um olhar dela, por mais fugidio que fosse... Era a sua mulher!
    Naquela latência, em que ambos dormitavam o amor que sentiam um pelo outro, imaginavam mirabolantes     estratégias      para um encontro.O homem grisalho    imaginou   então que    se deixasse de aparecer na janela, a moça bonita sentiria sua falta e   quem sabe, entraria no ateliê. Então, uma bela tarde, ele não apareceu. A moça bonita afligiu-se! Observou as cortinas embaladas pelo vento e teve uma idéia. Ateou fogo em uma delas. E fingindo o mais desesperado clamor, entrou inopinadamente no ateliê para avisar o   homem grisalho do risco de incêndio. Os dois apagaram o fogo  aquele fogo!. Em sinal de agradecimento, o homem grisalho convidou a moça bonita para um café . E ali,  sentados    em frente   um do outro, olhos nos olhos, sentimentos  em ebulição, sentindo   o fogo da paixão acender-se, ambos sorviam  lentamente   o café,    cada um pensando: armadilhas funcionam.A minha funcionou!