“RIA, ZÉLIA “ (La Bruyère)
 



Estas palavras não são totalmente minhas, tem um pouco de La Bruyère, mas eu as quero, para também dizer, que as tintas estão preparadas e a tela está  pronta, só não sei como pintar esta mulher que sou, inquieta, inconstante, que toma milhares de figuras. Não me pintarei “devota” nem tão pouco “libertina”, mas espreitarei o desregramento do coração e do espírito e exporei na tela a figura patética que sou.

Patética? Pois que ria, Zélia, continua alegre e divertida como sempre, onde foi parar a tua alegria? Ri mais ainda Zélia, solta gargalhadas, segue o teu temperamento, não deixes falar de ti, deixa estampar em teu rosto o sentimento de uma consciência em paz, não permita que as paixões tristes  se instalem por dentro e espalhem na aparência exterior. Ria, Zélia! Tu se’ Pagliaccio! “Tramuta in sinlazzi lo spasmo ed Il pianto / in uma smorfa Il singhiozzo e’l dolor.../ Ridi, Pagliaccio, sul tuo amoré infranto! / Ridi del duol che t’avvelena Il cor!”


(Trecho da ópera Pagliacci de Leoncavallo, que traduzido diz: tu és palhaço / Transforma em brincadeira o tormento e o pranto / em uma careta o soluço e a dor / Ri palhaço sobre seu amor estraçalhado! / Ri da dor que te envenena o coração!

 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 06/07/2010
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