OH, MINAS, GERAIS, QUEM TE CONHECE...

As cidades históricas de Minas vão arranjando um jeito de agregar ao patrimônio arquitetônico barroco outros atrativos para os turistas virem visitar e voltar mais vezes. Se não voltarem, pelo menos indicar para outras pessoas. É assim que Tiradentes criou o seu festival de cinema e gastronomia. Renome mundial já. Sabará tem o seu festival de "ora pro nobis" que é uma delícia e bastante conhecido. Congonhas com seus doze profetas de Aleijadinho, um santuário que quase dispensa mais atrativos, também corre atrás de outras iscas turísticas. Ouro Preto é hours concours. Já está na agenda do mundo faz tempo. Nem precisava mais tanto evento e mesmo assim os tem com fartura. Fale de literatura? Tem. Música e cinema? Tem. Artes plásticas? Tem demais. A Universidade Federal também dá a sua contribuição não só pela tradição da centenária escola de Minas e suas repúblicas como participa ativamente da atmosfera cultural da cidade, principalmente através da festa do doze de outubro, que de tão tradicional o dia doze virou uma semana de festa todos os anos. Do carnaval de rua acho que nem é preciso falar. E ainda tem muito mais para se escrever, daria para encher a página. Diamantina, São João Del Rey, Nova Lima, Caeté...

Já a cidade de Mariana, logo ali, vizinha e uma espécie de mãe de Minas (é a primeira cidade, 1696) ainda patina nas tentativas de construir esse menu de opções que vá além de seu casario colonial e suas igrejas imponentes e lindas, muito lindas. Foi lá que passei uma grande parte da minha vida. Num período em que me tornei um comerciante “meia boca” eu bem que tentei contribuir com a realização de eventos. O mais grandioso que consegui realizar e que pretendia transformar em permanente foi um encontro de colecionadores de carros antigos. Lá estavam os primeiros carros que circularam pelo Brasil e que estão em mãos de pessoas que cuidam deles melhor do que é cuidado o nosso patrimônio histórico. Eles possuem associações e estatutos próprios. Conseguiram até uma legislação de trânsito específica. Quando um colecionador consegue uma placa preta para a sua relíquia, é porque o carro é original, em perfeitas condições de funcionamento e dispensado de impostos. Uma belezura.

Eu me lembrei dos festivais de música que fizeram tanto sucesso no Brasil nos fins dos anos 60, meados de 70. Tentei realizar mas não consegui apoio. Há ainda alguns pipocando por ai. Eles davam uma aura romântica e emocionante para os novos talentos da música. Com o mundo grande do jeito que está e as comunicações tão mais acessíveis, ficou mais fácil gravar mas ficou mais difícil mostrar qualidade em meio a tanta coisa que atende mais ao apelo das massas ensandecidas por modismos quase descartáveis. Era um sonho, mas acho que era só meu.

“Sonho que se sonha só é só um sonho...” já dizia o maluco beleza do Raul Seixas.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 06/07/2010
Código do texto: T2360939
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