Do Pecado de Adão

Uma história difundiu-se de modo tão profundo na cultura ocidental que é difícil conceber uma sem a outra. Ela diz respeito à condição humana, ao sofrimento iminente a que estamos sujeitos.

Na versão que nos foi passada, ela diz que Eva, uma bela mulher, foi quem apanhou a maçã e decretou a expulsão do humano do paraíso. Mas isso não é verdade, pelo menos não completamente.

O que não se conta é a parte da história que envolve Adão. Como ele era o primeiro homem, acumulou todo o ego que todo o gênero humano hoje possui. Se o ego atual é dividido em seis biblhões de partes e ainda assim podemos ver alguns como o e Maradona, imagine na época em que todo ele acumulava-se em um só sujeito...era ego pra dar com pau...

Como se poderia facilmente prever, Adão tinha uma natureza narcizista (mesmo antes deste surgir como lenda). Dizem alguns apócrifos por aí, que passava horas e horas se penteando, acariciando e elogiando a si próprio.

Quando a Eva surgiu, Adão tentou argumentar com Deus que isso daria problema. Claro que não funcionou, o velho lá de cima é onipotente, antecipava todos os argumentos de Adão como se fosse um programa de computador que analisava as possibilidades...

Já no primeiro dia, na hora de dormir, Adão não gostou da atitude da Eva. Ela deitou na rede dele, se espreguiçou e sequer o elogiou pela bela choupana, rede e encanação de bambu que ele mesmo havia feito.

De manhã cedo, ao acordar, Adão ficou esperando pelo café da manhã. Afinal de contas, ele era o ais velho, tinha certos direitos irrenunciáveis...

A louça também começou a dar trabalho. Antes ele dava um jeito de não lavar, conseguia alguns favores do Velho, porque era o filho único. Mas depois Ele começou a se ocupar mais em admirar Eva, mas não Adão.

Aos poucos isso foi somando e somando. Até que um dia Adão conversou com a cobra (sem ambiguidade, por favor.) Ele fez um trato com ela. A cobra apenas teria de chatear Eva, deizer coisas que nem naquela época era aceitável para uma mulher.

Certo dia, ao ir se banhar no rio, a mulher ouviu da cobra que ela deveria evitar abacates, bananas (novamente peço que não seja interpretado de modo ambíguo...) e outras frutas que tinham muito colesterol. Parecia que estava um pouco acima do peso.

Narciso, quero dizer, Adão, não perdeu a chance. Ao vê-la lançou um olhar de censura.Ela, aterrorizada com aquilo, foi consultar-se com o próprio Adão, já que era o mais experiente naquele lugar...

Foi aí que o cinismo masculino emergiu: recomendou a ela uma fruta, que segundo ele era diurética e que faria com que ela perdesse peso e se sentisse mais leve.

Impelida pelo conselho de Adão, Eva não teve dúvidas, era moça ingênua,foi lá e apanhou a fruta. Ao tocar os lábios nela, Adão sentiu-se nas nuvens e ela viu acabar o mundo.

Assim começou a desolação humana; com um engano de Adão para Eva e da Tradição para Nós.

Gabriel Dietrich
Enviado por Gabriel Dietrich em 05/07/2010
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