PERGUNTA SIMPLES...RESPOSTA COMPLICADA?!

_ Olá!! Como vai?

_ Vou bem, tudo tranquilo, muito trabalho, a família com saúde, graças a Deus. E você?

_ Tudo bem. Foi bom vê-lo. Até logo e mande um abraço a todos!

OU poderia ser assim...

_ Olá!! Como vai?

_ Vou bem, tudo tranquilo, muito trabalho, a família com saúde, graças a Deus. E você?

_ Nada bem. Meu pai faleceu e minha mãe veio morar comigo, sogra e nora na mesma casa já viu...foi o estopim. Me diivorciei a um mês e descobri que já estava sendo traído. Minha ex-mulher pediu uma pensão altíssima, com a qual não pude concordar, agora ela pôs meus filhos contra mim. Tudo isso me deixou tão nervoso, que ontem acabei discutindo com meu chefe e no que deu? Fui demitido e tenho que cumprir aviso prévio...E se acha que acabou por ai! Nada disso, tem mais...Quando terminar o aviso prévio vou perder a assistência médica e ontem depois da discussão com o chato do ex-chefe, senti dores estomacais horriveis, fiz exames e nos resultados deu "úlcera", agora tenho que seguir um regime rigoroso para não entrar em crise, além do controle emocional. Apesar de ser ruim vai me ajudar a ficar em forma. E agora estamos nos encontrando no ponto do ônibus, porque ao sair do hospital, já estressado, bati o carro, perda total e o seguro venceu a dois meses. Pelo menos não me machuquei gravemente e só derrubei um poste. Menos mal não bati em outro carro. Tirando isso esta tudo bem!

Diariamente perguntamos e repondemos à perguntas. Fazemos isso automaticamente, sem pensar no siginificado verdadeiro do que perguntamos. Nossa intenção é ser meramente educados e conveniente esperamos a mesma polidês de quem responde.

Na primeira versão do diálogo, temos o que normalmente acontece. Termina assim como começou sem nenhum envolvimento e cada um seguindo seu caminho. Na segunda versão temos uma resposta aberta, sincera, educada inclusive! Praticamente um desabafo.

O que nos causaria mais espanto: a realidade retrada na resposta ou o fato do interlocutos finalizar com "está tudo bem"? Talvez seja arrogância afirmar que não fazemos idéia do que e a quem perguntamos algo e nem o que e a quem podemos responder com a verdade. Apenas fazemos o que o superficialismo polido da sociedade nos ensina a fazer.

Essa nossa automaticidade acrescida de uma proposital ingenuidade, faz com que perguntas padrões se tornem complicadas diante de simples respostas espontâneas. Pensemos então...após ouvir uma resposta DAQUELAS, num dia ordinariamente comum, sairíamos ainda indiferentes a esse casual encontro?

GABI BORIN
Enviado por GABI BORIN em 05/07/2010
Código do texto: T2358800
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