O TREM DE FERRO ...
Das coisas que mais fazem parte da minha mineirice e mineiridade, sem nenhuma dúvida são as maravilhosas lembranças das viagens de trem.
Eu não tenho certeza se no resto do país ele é também chamado de trem de ferro como os mineiros de verdade carinhosamente o chamam mas , mineirices à parte, que saudade gostosa eu tenho daquelas viagens !
Estava agora a pouco escutando uma música interpretada pelo conjunto “Boca Livre” chamada “Toada” e num dos seus versos eles falam num “....trem de ferro alegre a cantar ….”.
E aí, no transcorrer da música e muito tempo depois continuei com a melodia e os versos na memória e logo surgiram as lembranças gostosas dos trens em que viajei.
Embora isso não venha ao caso, insisto em dizer que não sou tão saudosista assim mas continuo sem entender os motivos pelos quais o Brasil não leva à sério o transporte ferroviário , particularmente o de passageiros.
Eu sei que a tecnologia e o modernismo colocaram nos trilhos trens super velozes e com mega locomotivas que rebocam toneladas sem nenhum esforço aparente mas entretanto, as lembranças melhores que tenho ainda são daqueles velhos trens de madeira rebocados pelas famosas Marias Fumaça.
Fiz inúmeras viagens nesses trens pelo interior de Minas e só quem já passou por tais experiências é que pode falar sobre a magia do balanço dos vagões, do barulho que se ouvia durante o trajeto, a paisagem que desfilava pelas janelas nem tão rápido assim e nas curvas, via-se aquelas colunas de fumaça que a locomotiva despejava pelos ares.
Um dos meus sonhos de criança era justamente o de ser maquinista. Não sei se pelo fato do meu pai ter sido ferroviário ou mesmo por desde bem criança estar acostumado a ficar com os olhos arregalados quando ouvia o apito estridente daquelas imponentes locomotivas , que no início eram movidas à carvão e à lenha e com progresso passaram a ser alimentadas a óleo diesel. Se não era com óleo diesel, com certeza era por um óleo bem escuro .
As viagens de trem têm muito de romantismo e fico imaginando a delicia que seria se hoje em dia, mesmo num pequeno percurso, eu tivesse tempo e a oportunidade de fazer um passeio ao lado da amada observando o sol nascer, o gado pastando no campo e aquele povo simples que balança os braços e joga beijinhos quando o trem passa resfolegando .
Das coisas que eu também gostava nessas viagens era quando o trem parava numa estação e logo se aproximava um batalhão de vendedores com todo tipo de mercadorias, desde biscoitos de vento até umas broinhas de milho que nunca mais tive a chance de comer outras iguais .
Nos poucos minutos que o trem ficava parado me lembro que meu pai descia, ia até o bar mais próximo e voltava com um copo plástico cheio até a metade com um café super quente e bem forte e nem quero me lembrar de quantas vezes queimei a língua.
Sei que no sul de Minas ainda tem uma ou duas cidades que fazem excursões de pequeno percurso com trens de madeira rebocados por velhas e ilustres Marias Fumaça para delírio dos românticos e dos saudosistas.
Nas próximas férias já estou inclusive reservando uns dias para fazer uma viagem dessas e claro que desta vez com a vantagem de poder documentar tudo, não só pela pequena filmadora como também por uma das fantásticas câmeras digitais.
Só não vou repetir alguns dos versos do “Boca livre” na música “Toada”, tais como :
“Vem morena, ouvir comigo essa cantiga …...escuta o trem de ferro alegre a cantar, na reta da chegada prá descansar.....”.
Linda, muito linda e inesquecível qualquer viagem num trem de ferro …...
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(....imagem google....)