Ofensas à Bahia
Não sou baiano.
Mas meus filhos, todos nascidos na Boa Terra, autorizam-me a tecer os comentários que, a seguir, os faço, e sem pedir licença. Eu me vou, mas eles ficam com a responsabilidade de passarem pros seus filhos, meus netos, a verdadeira história da Bahia e a missão de defender-lhe os brios.
Muito bem. Quem conhece um pouco de História, sabe que a consolidação da independência do Brasil deu-se na Bahia
Lutas sangrentas se travaram em terras baianas, até que o último português fosse expulso do Brasil, o que aconteceu no dia 2 de julho de 1823.
Por isso, o 2 de julho é uma data sagrada na Bahia.
É comemorada com um desfile civico-militar; as janelas das casas são enfeitadas; as fanfarras e as bandas das Forças Armadas tocam hinos patrióticos; bandeiras são hasteadas; e os políticos, espertos e espertalhões, incorporam-se ao cortejo, sob aplausos ou vaias.
Do tradicional bairro da Lapinha, em carros alegóricos, saem o caboclo e a cabocla, lindas imagens, em tamanho natural, e com o povo, percorrem as ruas de Salvador, até o centro da cidade.
No Campo Grande, bela praça da capital baiana, durante cinco dias eles recebem as homenagens dos soteropolitanos; vêm neles os representantes da "força nativa" que ajudou a derrotar as tropas lusitanas.
Poetas, romancistas, cronistas, repentistas, jornalistas, de ontem e de hoje, escreveram páginas memoráveis exaltando o 2 de julho.
Castro Alves, por exemplo, em 1868, lembra a festa da independência da Bahia no Ode ao Dous de Julho, iniciando o seu conhecido poema com estes versos: "Era o dous de julho. A pugna imensa/ Travava-se nos cerros da Bahia."
Qualquer filho da terra do Senhor do Bonfim sabe, de cor, a história de Maria Quitéria e Joana Angélica, heroínas da guerra da Independência.
Veja, pois, o leitor, o enorme significado do 2 de julho; que, aliás, deveria ser uma data nacional. Segundo os estudiosos, podia perfeitamente substituir o 7 de setembro.
O Aeroporto de Salvador chamava-se Aereporto 2 de julho, acho que desde a sua inauguração.
Até que um marmanjo, numa manifestação de inexcedivel bajulação, achou que o nome do aeroporto deveria ser mudado.
Com a ajuda de incorrigiveis aduladores, levou um saudoso governador da Bahia a trocar o nome 2 de julho pelo nome do seu filho, recém-falecido.
Tudo foi feito sem ouvir o povo da Bahia que, na quase totalidade, nunca concordou com essa esdrúxula troca.
Sempre que a esse respeito se faz uma pesquisa, vence a tese de que o aeroporto de Salvador deve voltar a se chamar Aeroporto 2 de julho.
Os políticos que no momento governam a Bahia, à época da troca do nome, estavam na oposição. Mas, até a presente data, não tiveram coragem de promover a desejada alteração, consertando o lamentável equívoco.
Nada contra o saudoso político, cujo nome foi dado ao Aeroporto de Salvador. Todavia, entre lhe prestar essa exagerada homenagem e preservar o nome histórico, fico com a segunda hipótese.
Sempre considerei a troca dos nomes uma ofensa à Bahia. Por isso, continuo a chamá-lo Aeroporto 2 de Julho, e dane-se quem quiser.
Outra ofensa à Bahia estaria por se consumar.
Os jornais noticiaram que o novo estádio de futebol, que o Governo do Estado vai construir, de olho na Copa do Mundo de 2014 - pasmem! - pode se chamar Lula da Silva!
Será, diz a imprensa, o Lulão.
Lulão? Oh! Não façam isso!
A maior praça de esportes da Bahia chama-se, desde 1951, estádio Governador Otávio Mangabeira, pelo torcedor também chamado de estádio da Fonte Nova, por causa da sua localização.
Não é justo que a nova Fonte Nova ressurja com outro nome.
Otávio Mangabeira, cidadão respeitado, estadista, governou a Bahia de abril de 1947 a janeiro de 1951, destacando-se como um administrador exemplar e, acima de tudo, como um homem público de indiscutivel e irretocável honestidade. Figura, sem contestações, entre os ícones da Boa Terra.
Ora, é enorme a distância que separa o atual Presidente da República do ilustre baiano, levadas em conta as qualidades do Governador Mangabeira, acima apontadas .
Que a Bahia se una e não permita que se tire da sua maior praça de esportes (uma de suas vitrinas) o nome de um dos seus mais ilustres filhos e se dê a ela o nome de uma pessoa que nada tem a ver com as tradições, as emoções e a grandeza da terra-mãe do Brasil
Evite-se mais esta ofensa à Bahia.
Não sou baiano.
Mas meus filhos, todos nascidos na Boa Terra, autorizam-me a tecer os comentários que, a seguir, os faço, e sem pedir licença. Eu me vou, mas eles ficam com a responsabilidade de passarem pros seus filhos, meus netos, a verdadeira história da Bahia e a missão de defender-lhe os brios.
Muito bem. Quem conhece um pouco de História, sabe que a consolidação da independência do Brasil deu-se na Bahia
Lutas sangrentas se travaram em terras baianas, até que o último português fosse expulso do Brasil, o que aconteceu no dia 2 de julho de 1823.
Por isso, o 2 de julho é uma data sagrada na Bahia.
É comemorada com um desfile civico-militar; as janelas das casas são enfeitadas; as fanfarras e as bandas das Forças Armadas tocam hinos patrióticos; bandeiras são hasteadas; e os políticos, espertos e espertalhões, incorporam-se ao cortejo, sob aplausos ou vaias.
Do tradicional bairro da Lapinha, em carros alegóricos, saem o caboclo e a cabocla, lindas imagens, em tamanho natural, e com o povo, percorrem as ruas de Salvador, até o centro da cidade.
No Campo Grande, bela praça da capital baiana, durante cinco dias eles recebem as homenagens dos soteropolitanos; vêm neles os representantes da "força nativa" que ajudou a derrotar as tropas lusitanas.
Poetas, romancistas, cronistas, repentistas, jornalistas, de ontem e de hoje, escreveram páginas memoráveis exaltando o 2 de julho.
Castro Alves, por exemplo, em 1868, lembra a festa da independência da Bahia no Ode ao Dous de Julho, iniciando o seu conhecido poema com estes versos: "Era o dous de julho. A pugna imensa/ Travava-se nos cerros da Bahia."
Qualquer filho da terra do Senhor do Bonfim sabe, de cor, a história de Maria Quitéria e Joana Angélica, heroínas da guerra da Independência.
Veja, pois, o leitor, o enorme significado do 2 de julho; que, aliás, deveria ser uma data nacional. Segundo os estudiosos, podia perfeitamente substituir o 7 de setembro.
O Aeroporto de Salvador chamava-se Aereporto 2 de julho, acho que desde a sua inauguração.
Até que um marmanjo, numa manifestação de inexcedivel bajulação, achou que o nome do aeroporto deveria ser mudado.
Com a ajuda de incorrigiveis aduladores, levou um saudoso governador da Bahia a trocar o nome 2 de julho pelo nome do seu filho, recém-falecido.
Tudo foi feito sem ouvir o povo da Bahia que, na quase totalidade, nunca concordou com essa esdrúxula troca.
Sempre que a esse respeito se faz uma pesquisa, vence a tese de que o aeroporto de Salvador deve voltar a se chamar Aeroporto 2 de julho.
Os políticos que no momento governam a Bahia, à época da troca do nome, estavam na oposição. Mas, até a presente data, não tiveram coragem de promover a desejada alteração, consertando o lamentável equívoco.
Nada contra o saudoso político, cujo nome foi dado ao Aeroporto de Salvador. Todavia, entre lhe prestar essa exagerada homenagem e preservar o nome histórico, fico com a segunda hipótese.
Sempre considerei a troca dos nomes uma ofensa à Bahia. Por isso, continuo a chamá-lo Aeroporto 2 de Julho, e dane-se quem quiser.
Outra ofensa à Bahia estaria por se consumar.
Os jornais noticiaram que o novo estádio de futebol, que o Governo do Estado vai construir, de olho na Copa do Mundo de 2014 - pasmem! - pode se chamar Lula da Silva!
Será, diz a imprensa, o Lulão.
Lulão? Oh! Não façam isso!
A maior praça de esportes da Bahia chama-se, desde 1951, estádio Governador Otávio Mangabeira, pelo torcedor também chamado de estádio da Fonte Nova, por causa da sua localização.
Não é justo que a nova Fonte Nova ressurja com outro nome.
Otávio Mangabeira, cidadão respeitado, estadista, governou a Bahia de abril de 1947 a janeiro de 1951, destacando-se como um administrador exemplar e, acima de tudo, como um homem público de indiscutivel e irretocável honestidade. Figura, sem contestações, entre os ícones da Boa Terra.
Ora, é enorme a distância que separa o atual Presidente da República do ilustre baiano, levadas em conta as qualidades do Governador Mangabeira, acima apontadas .
Que a Bahia se una e não permita que se tire da sua maior praça de esportes (uma de suas vitrinas) o nome de um dos seus mais ilustres filhos e se dê a ela o nome de uma pessoa que nada tem a ver com as tradições, as emoções e a grandeza da terra-mãe do Brasil
Evite-se mais esta ofensa à Bahia.