O Cronista Insone.
Já vem de alguns anos o hábito que tenho de acordar no meio da madrugada para escrever as minhas crônicas e alguns artigos, ou mesmo qualquer outra coisa que me venha à cabeça, antes que se esfumace. Este tipo de proceder começou quando eu ficava lutando contra o tempo para “fechar” (dar forma final) a um jornal que eu mesmo editava, no tempo em que morei no interior do estado de Sergipe, lá pela metade dos anos noventa. Era uma “guerra” terminar o tal jornal, mas tinha suas compensações: ver o término daquela tarefa era como assistir ao nascimento de um filho, tal o sentimento de alegria que me invadia. Sempre gostei da calma que habita esta parte especial da noite – a madrugada - com seus eflúvios diferentes, agindo em nossa inspiração, dando-nos novas roupagens para expor idéias que pululam na mente, este nosso habitat cheio de surpresas. Esta provavelmente é uma das razões para que eu escolha esssa hora inusitada pra materializar os meus muitos pensamentos, já que escrever é como fazer uma catarse constante, documentando para a eternidade, pensamentos e ações que de outra maneira permaneceriam apenas com seu próprio criador. Ao dar forma escrita ao nosso pensar estamos a compartilhar com os demais as nossas criaturas, que brotam de nossas mentes aos borbotões e, muitas vezes ganham vida própria, surpreendendo a nós mesmos, seu próprio criador.
Fecho esta crônica com a observação de que a criatura, no mais das vezes, quase sempre supera o seu criador...
Vale do Paraíba, Outubro de 2005
João Bosco