Usos e Costumes
Duas pessoas conversando numa calçada, uma encostada na parede, outra no carro. Em meio às duas, ao passar, e cortar a conversa, pede-se licença. Bem, pelo menos era assim no tempo de Mestre Marcelino ou em meu tempo de infância.
Não sei o que mudou nesse meio tempo, mas, que mudou, mudou.
Fui muito censurada e criticada por amigos em insistir nessa atitude:
- Você parece boba! Os errados são eles.
- Licença para que?
- Não vê que não estão nem te ouvindo ou vendo?
Hoje continuo na minha insistência e o fato se repete muito porque ando demais à pé pela cidade e não paro de observar. Agora já faço até uma aposta comigo mesma de qual vai ser a reação dos participantes da conversa.
- Pois não.
- Toda.
- Sim!
Isso quando não são jovens. Esses são especiais. Alguns dão um “break” na conversa para saber o que está acontecendo. Outros olham para os lados para ver com quem estou falando. Grupo de adolescentes se olham entre si para interpretar meu código. -“Que língua será essa?”.
Novamente fiz minha brincadeirinha há pouco, e fui surpreendida. Um senhor de um lado encostado numa porta de loja e um morador de rua, sentado na guia da calçada, ao lado de seus pertences entre marmita, cobertor e saco de roupas indefinidas. Passei lentamente pedindo licença e prontamente o morador de rua respondeu:
- Pois não, esteja à vontade, senhora.
Ele não tem um teto, mas recebeu o mesmo que eu provando que para ser educado só é preciso ter tido um berço.