DEPOIS QUE A PARTIDA TERMINOU

A Escritora Cristina Guedes escreveu um texto (Crônica) no facebook Antes da Partida Começar que achei interessante fazer alguns comentários. 02/07/2010

ANTES DA PARTIDA COMEÇAR

Pensei que não fosse falar de futebol. Disse outro dia que entendo bem quando a bola entra na grande área. Mas nem sempre entendo os famosos impedimentos de gols. Um dia chego lá. É longa essa história de que a gente não entende de futebol. Mas como toda atividade é boa se movida pelo coração decidi me mover até a seleção. Fica claro a distância entre homens e mulheres. Muito mais do que em qualquer discussão sobre o feminino e o masculino.

Amanhã, assim que começar a jogo estarei mais atenta e talvez meus arquivos internos irão até o colosso da Copa, mas o mundo vai se dividir: de um lado os meninos; do outro, as meninas.

Equanto eu fico grudada e despreocupada diante da TV, nenhum de meus comportamentos de Copa enganam meus amigos que me olham querendo saber para onde estou olhando e se estou em atividades de torcedora.

Quando me concentro ali até que comento a charada do jogo e essa semana recebi até elogios de uma amiga mais especialista em bribles e passes da conversa sobre centro avantes, tiros de metas, craques e etc.... Mas mesmo nessa hora sou capaz de olhar o antídoto de força nacional que faz mover esse país nesses dias. Analiso tudinho. Esqueço até de salpicar glamour na corrente social. Sem culpa, é claro.

Quando ando ocupada no jogo, preferia estar cuidando das unhas ou lendo um livro, sou sincera, fazendo uma matéria em casa ou tendo acessos de banqueteira de cozinha. Assumo que faço umas comidinhas antes de começar o jogo.

Mas costumo ter acessos de telepatia e até nostalgia relembrando dos jogadores famosos dos bons tempos e logo naquela hora social bem definida nacionalmente e irrepreensívelmente alta.

Talvez isso aconteça porque a imaginação feminina é mais rica e mais fértil do que o luxo da Copa.

Sim, mulheres são inquietas e fervilhantes; não conseguimos ficar durante 90 minutos vendo 22 meninos correndo atrás de uma bola. Consequentemente, não compreendemos como os meninos conseguem

ficar paralisado diante de uma televisão.

Mas até a próxima Copa irei tentar estudar essa arte de conversar sobre jogadas e todas essas diferenças se tornarão concordâncias – bastarei olhar e entenderei tudo.

Será o meu mundo e o mundo da Copa, dois mundos, como, aliás, gosto de comentar, e vocês verão que mulheres também me acompanharão nos estatutos da FIFA, não vão reconhecer mais seus amados, mas ampliaram esses conhecimentos e juras de futebol.

Daremos chances ao meninos de comentarem também e os nossos modestos cançasos da grande área estarão esparramados com aquele dom de parecer que estaremos falando de flores no campo.

Talvez com os pés em cima da mesa, sem salto, bem lamentável, jogados, tomaremos uma cerveja para não atrair o olho grande do outro time.

Para nós nada vai existir, a não ser o futebol e nada mais, e, se houver uma notícia que o Brasil está acabando, eu não vou nem ouvir.

Resistirei às reminiscências de salão, nessa hora ficarei na minha mesmo. Não terei mais tempo de caprichar no jantar. Ah, ver futebol será ótimo!

E aqueles aparentemente inocentes que não sabem nem para onde a bola vai com tanta distribuição de renda e igualdade deverão nos pedir para jogarmos fora nossas lagostas, sem preocupação com a conta.

Não adianta ninguém reclamar.

Se você é entendida em futebol mostre que sabe, é um risco, claro, mas mostre. Olhe só para o gramado segundo após segundo, sugira palavrões sobre o juiz, não fica nada bem palavras finas ou delicadas nessas horas e nem chá, também não vale dieta. Olhe para sua melhor amiga e diga, vamos conversar no melhor padrão Galvão. Encomendar petiscos, aquela feijoada, sem alegar a tal da gastrite, isso tudo para dar partida e fomentar aquela barriguinha bacana.

E se mexendo muito nas cadeiras ou roendo as unhas e comendo todo esmalte. Muito arriscado. Pediremos um tanque cheio e não pagaremos se a gente derrubar algum bar da esquina. No mínimo estaremos firmes pelo sucesso do jogo e pelo entendimento da Copa. Explicar o que para o policial, ou porteiro, se sofremos e vibramos assim nacionalmente falando.

Seria bom que a gente pedisse um limão que tem a maior sensação de caipininha. Bom te ver torcendo, viu, amiga? Tudo pelo futebol.

RESPOSTA DE JÔ MENDONÇA EM 02/07/2010

DEPOIS QUE A PARTIDA TERMINOU

Meninos ou meninas são brasileiros, mesmo que não interesse muito a mulher entender sobre jogo e jogadas, times e centro avante, laterais de área, de fundo, atacantes... queremos é que o Brasil ganhe. Essa forma de gozo é prazerosa nos rostos dos torcedores que por minutos se sentem felizes, também seria para não ouvir os lamentos masculinos e frustradores dos namorados, maridos, amigos enchendo a cara cheios de tristeza porque o Brasil perdeu e dizendo por um triz fulano não fez o gol, ou dando os mil pitacos que fulano devia fazer assim ou assado, que o técnico devia ter trocado fulano por sicrano e por aí vai... O povo pára para ver, ouvir, gritar, pular, torcer e se entremear junto com os jogadores com o coração pulando de uma ansiedade de fazer um gol, conscientemente você torce para a partida ser ganha... é o momento da catarse, do prazer instantâneo. É a copa! viva aos atletas que ganham rios de dinheiro se esforçam com os treinamentos e voltam para casa muitas vezes com contusões ou sequelas físicas e psicológicas do jogo. Jogar é bom, é competir, é querer ganhar, ser o primeiro em tudo e ganhar troféus, mesmo que seja uma réplica do original, é está em lugar de destaque, é ser aclamado, glorificado, é ter poder... Vejo o futebol como uma política de se ganhar dinheiro, aliás um dos motivos de alienação de muita gente fanático. Vira muitas vezes uma doença (transtorno compulsivo) interferindo na vida pessoal, familiar e social. Já vi namoros acabados, homem com raiva da mulher, mulher e filhos apanharem por causa do jogo e do nervosismo do marido e vice e versa, desavenças familiares, agressões verbais, xingamentos, traições, torturas psicológicas para os times que perdeu e torturas de várias outras formas. Como o jogo tem esse poder de encantar e desencantar? De fazer as pessoas fazerem coisas que nem imaginam no momento quando querem ganhar?De infringir regras, trapacear, enganar... O querer (desejo) presente no pensamento como forma de gozo universal. De sentirem-se felizes por causa de um jogo que acaba sempre um ganhando e um perdendo. Porque se empatar para saber quem é melhor, tem que haver um desempate. Será que precisamos mesmo dessa agonia, angústia, disso, para nos sentir-mos felizes? Poderosos? Aceitos? Ou esse gozo seria uma forma de tapear mais os problemas de ordem política, social, saúde e segurança que o nosso país está vivendo? Bom, como brasileira digo, É O BRASIL? E torço para que Viva o Brasil! Um abração verde, amarelo, azul e branco e levanto a bandeira para que o nosso Brasil SEJA ORDEM E PROGRESSO!

Jô Mendonça

JÔ MENDONÇA ALCOFORADO
Enviado por JÔ MENDONÇA ALCOFORADO em 02/07/2010
Código do texto: T2354753
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