Uma menina moça... uma fralda de bebê
Uma menina moça: uma fralda de bebê
Mª Gomes de Almeida
Dia desses cheguei na sala de aula minha aluna tinha sobre sua mesa uma fralda de bebê já bem surrada.
E foi durante uma atividade em círculo que pude ficar ao seu lado, não me contive e indaguei se aquela fralda era de quando ela era bebê.
Sorriu meio desconcertada e disse:
“_É “fessora” meu pai, guardou...”
E em meio aos termos da Biologia, estudávamos naquele dia sobre as moléculas dos seres vivos. Os conceitos talvez novos para os alunos, iniciantes no ensino médio fazia com que a aula fluísse bem. Os glicídios, os lipídios, as proteínas entre outros não me impediram de pensar na frada da minha aluna, já uma mochinha de quinze anos.
Que simbologia teria aquela fralda, pra menina moça e para os seus pais? Será a tentativa de mantê-la bebê por mais tempo?
Não pude deixar de pensar na necessidade que muitos de nós temos de ser e de se manter.
E o adolescente é um caso a parte, quer a todo custo “crescer” e se tornar adulto. Mas no caso da minha aluna, uma menina moça, que leva a fralda de bebê para a sala não sabe se é melhor crescer ou se permanecer bebê.
Os pais que guardam a fralda de lembrança e anos depois permitem que a filha volte a usá-la, ou carregá-la pelo simples fato de ter-la por perto, talvez não queiram apenas lembranças, queiram sim que a filha continue a ser o bebezinho da casa. E neste ponto eu que também sou mãe e sei que não deveria ser assim, mas para nós os filhos nunca crescem, nunca crescerão...
E de certa forma, senti saudades dos meus que hoje estão com um pé na fase adulta e outro na adolescência. E embora não tenha guardado nenhuma peça das suas infâncias tenho certeza que se o tivesse feito nada é como a linda lembrança que tenho no meu coração e na minha memória, eles crescem, mas é impossível esquecer os nossos bebês com suas fraldas preenchendo cada espaço vazio dos nossos lares, dos nossos corações.