A espera da sua hora

A espera da sua hora

Mª Gomes de Almeida

Sempre que nos referimos ao perdão, nos referimos àquela pessoa que de uma forma cruel nos feriu.

Vivemos em uma cultura que por mais desumana que seja, ainda pensamos muito na necessidade de se perdoar (ainda bem).

Pensando nisso, fico cá a imaginar quanto deve ser e é bom receber de alguém o perdão.

E a pessoa que perdoa?

Ser perdoado deste ponto de vista é mais importante do que perdoar. Pois o ato de perdoar é um ato sublime e quem ganha é quem concede o perdão.

Há alguns anos estou eu a observar uma família dilacerada por um pai que optou por uma segunda união, abandonado os filhos pequenos que cresceram sem aquela figura que foi pai biologicamente falando, mas não foi pai que cuidou, que educou, que dou bronca, que vibrou com as várias conquistas dos seus filhos hoje adultos.

O pai em questão foi seduzido por uma vida desregrada e hoje “vegeta” em um leito à espera de sua hora.

E neste caso indago eu:

_A quem o perdão é mais importante? Ao pai entubado, esperando, esperando... esperando...? Ou aos filhos que bem ou mal conseguiram construir suas vidas na ausência da figura paterna?

Quem se engrandecerá com o perdão?

Concluo então: Grande parte do que vivemos com serenidade, tranqüilidade e consciência limpa, deve-se a atos talvez simples, mas que possui um efeito gigantesco do ponto de vista da paz de espírito e do viver bem.

Certamente ou pode ser que esteja errada, mas creio sinceramente que o perdão de fato é fundamental para todos que por ironia foram e estão envolvidos nesta história de vida cuja final está nas mãos de alguns poucos. E aqui o perdoar concretamente trará consigo o sentimento de alívio e substituirá o rancor que embora não seja admitido está lá, guardadinho no fundo do coração dos filhos enquanto ao pai inconsciente ou não simplesmente espera!

Maria Gomes de Almeida
Enviado por Maria Gomes de Almeida em 02/07/2010
Reeditado em 02/07/2010
Código do texto: T2354525