Manifesto contra a morte

Porque que é tão fácil falar sobre a morte? Centenas de contos brasileiros e universais, falam sobre, e se não falam terminam em morte. Morte, morte, morte, que assunto morto. Confesso que até pra mim é fácil findar um enredo com morte. Engraçado: “E findou-se a comadre”, “e a velha morreu saudosa”, “morre risonha e mal afamada a Leontina”. Quanto desfecho cemiterial.

Veja os jornais de hoje, meu leitor, na televisão, no rádio, os redigidos, só nos cercam de morte. A maldita arrenda mais IBOPE que agricultura, política e famosos. Vá ao cão com tanta morte!!!

Numa dessas análises comparativas, comuns ás críticas literárias, vejo que a morte faz parte de um grande gênero literário da sociedade prática de hoje. A crônica. Que por sua vez fala de cotidiano. Ora se a crônica aborda tal assunto (a morte) mais ainda que a própria convivência do homem, deduz-se então que a infame é mais cotidiana que a convivência em si. É gosto, é vontade, é eu lírico, não. É a inspiração, admiração profunda do meio. É como diria Descartes, quando consideramos alguma coisa apaixonadamente.

Revoltado, pois, vou começar a falar de vida. Ainda vou escrever qualquer coisa coberta de nascimentos, bebês, curas, famílias recém formadas, casamentos, reconciliações.

Continua...