PARA SEMPRE ARTIFICAR
PARA SEMPRE ARTIFICAR
A felicidade, já diziam os poetas, reside nos pequenos momentos, nas menores conquistas, nas coisas que nos fazem completos, mesmo sem termos nada ainda; nos instantes que parecem eternos, e percebemos a graça de com um outro compartilhar o sumo, as curvas do tudo, as dúvidas e as certezas, o pão e o queijo na mesa num dia claro de domingo, em uma parte qualquer do mundo; tanto faz se estamos em Paris ou no Líbano; tudo vale a pena, se a alma do casal não for pequena.
Eu amo essa mulher que baila por qualquer motivo, que sorri só de ver um passarinho qualquer dando um pio e bate palmas quando observa as cores das borboletas. Se da canção, eu sou a letra; ela é o espaço, o tom, a melodia, pois com a sua harpa, em notas, ela descreve o bem estar em harmonia na alegria de amar.
Nem tudo é perfeito, eu sei, os problemas são muitos, mas aprendi com ela aos problemas "artificar", transformá-los em lições, em aprendizado de como vizualizá-los como parte do conteúdo necessário de aqui na Terra estar.
E é muito bom aqui estar com alguém assim para chamar de "sua", mesmo sabendo que ela nunca foi ou será minha, mas a gente ignora algumas palavras, quando se tem ao lado, alguém com quem a gente se importa, até fingirmos acreditar em almas gêmeas, juntos para todo o sempre ou qualquer uma dessas bobagens de apaixonados. Sim, estou apaixonado por alguém, e ela por mim, e estamos namorando por 12 anos de casado.
Suprema ironia: quando casamos, esquecemos o manual de casamento em algum lugar da sacristia, e levamos por engano o manual do sempre enamorados.
Ela dança, e o fundo do palco é o sol do nascer do dia num céu azul que não faz promessas de dias claros para sempre, mas nesse momento, apenas complementa as delícias de viver bem com alguém que se ama e se respeita.