Sera que vivo sem um micro ondas ?

Agora a pouco, me veio a imagem de minha vó Carmela, sempre atarefada no seu fogão a lenha.

E me recordei como era gostosa a cozinha de nossa casa, sempre acolhedora, nao havia na epoca, ao menos para nos, as salas de almoço.

Tudo era feito na simples e gostosa cozinha, o preparo das refeições e a degustação da mesma.

Hoje penso.... macarrão instantaneo, os sucos prontos, os molhos enlatados, as sopas de pacotinho, tiraram todo prazer e o sabor das nossas refeicões.

Na minha infancia minha avó, pedia: Lena va apanhar 3 limões vinagre, para fazer o suco do almoço.

E la ia eu ate o pé de limão, não tinha suco de caixinha, nem em pó.

Quando era macarronada, la ia minha vó, com gosto apanhar seus lindos, doces e suculentos tomates, me lembro dela, com todo cuidado colhendo cada um, como se fossem joias.

Hoje se fala em frango com hormonios, la em casa, frango era criado no galinheiro, comia milho plantado em nosso quintal.

E era morto pelas mãos sem piedade de minha vó, meu vô, nunca quis nem assistir.

Ate sobre ovos, outro dia li uma materia, falando do perigo em come-los, se nao forem armazenados de maneira conveniente.

Os nossos nao necessitavam de embalagem, era minha tarefa ir ao galinheiro todos os dias, e pega-los.

Eu adorava, sempre esquecia de levar uma vasilha, ai fazia da blusa ou do vestido, uma cestinha improvisada, e ali depositava os varios ovos, alguns ainda quentinhos.

Que logo iriam ser preparados em nosso fogão a lenha, fritos em gordura de porco, ou de outra maneira.

Me lembro que uma tarde, devia ter uns 8 anos, me descuidei, e voltei cheia de piolinhos de galinha, ai, ai, ai, que coceira, minha mãe me enfiou depressa em baixo do chuveiro.

Hoje tudo mudou, ovos vem de longe, e as coitadas das galinhas, nao tem mais um amplo galinheiro ensolarado, com puleiros para viver, mas sim, sao confinadas a espaços reduzidos, onde nem sabem, quando e noite ou dia, e la tem que produzir em serie.

Bem sei que a impermanência, faz parte de nossas vidas.

E nos ajustarmos a ela e o grande segredo de saber viver.

E confesso, sou fã dos macarrões instantaneo, e de vez em quando me rendo aos pacotinhos coloridos, enquanto estão na panela, ja fico salivando so de pensar no gostinho.

Tambem recorro aos famosos vidros de molhos prontos, aos pacotes de legumes congelados, semi- prontos.

Mas, ha de se dizer que o sabor e aroma, não são nem de longe parecidos.

Sem contar que a cozinha era local de encontro, o fogão a lenha estava sempre acesso, estava sempre a convidar quem entrasse nela, para se sentar, tomar um cafezinho, coado no coador de pano, e bater um papinho, pois assunto nunca faltava.

Hoje o fogão a lenha deu lugar ao famoso micro ondas, esse tal aparelho que ninguem pode mais viver sem.

Ai me pergunto como e que passamos ate ele aparecer ?

Sem contar que a comida preparada nele, ou esquentada, fica com gosto de plastico, como diz uma amiga, tem gosto de isopor.

Outro dia perguntei se ela ja experimentou isopor, e ela prontamente me respondeu, se eu ja havia experimentado plastico.

Rimos de nossas colocacões.

Pois e, os tempos trazem as mudanças, nos vamos incorporando sem nem parar para pensar, se realmente lucramos com elas.

As vezes olho, o aparelho de micro ondas, la na cozinha e o desafio, dizendo: " eu sobrevivo muito bem sem voce "

Mas aqui pra nos, sera mesmo ???

Lenapena
Enviado por Lenapena em 01/07/2010
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