MÃOS DE DEUS

Marcelo Adão é um jovem pintor de belas telas. Eu divido a pintura em telas de retrato e telas de introspecção expressa. As evidências numa paisagem, torso, rosto ou objeto são de leitura imediata, gostando-se ou não à primeira vista. As de introspecção são mais complicadas de se gostar antes de algum entendimento. Tem gente que já fala logo de cara que adorou tal quadro, sem sequer se dar conta daquilo que está admirando. É chique, dá um ar de conhecimento e erudição. Entendo muito pouco de iconografia e iconologia*. Uma raspadela que pude absorver nos conceitos e métodos em umas aulas no semestre que fiz de história da arte na época da universidade.

Há uma tela do Marcelo na casa do meu pai que é um sol com formas bem próximas da visão, bem colorido e muito impressionante para os sentidos. Daquelas telas que não conseguem passar despercebidas onde quer que estejam ornando. Me parece uma expressão mais latente de seu desejo de elucidação da vida, de clareamento das existências, da busca de uma liberdade que não encontra limites nos obstáculos onde os raios do sol tentam penetrar. Assim eu o vejo.

Conversávamos ouvindo Bach e depois Handel, Puccini, Mozart e aproveitamos para falar do quanto eram inspirados os compositores clássicos. Parecendo um toque de Deus em suas em suas mãos na hora de compor. Foi nesse instante que ele afirmou ser isso mesmo o que ocorre com os artistas que atingem uma plenitude tal que nos toque tão profundamente a alma. Assim é na pintura, na música e na literatura. Seriam essas pessoas apenas instrumentos que Deus utilizaria para mandar espalhar a beleza no seu estado mais tocante pelo mundo.

Na literatura, psicografia é quando espíritos desencarnados lançam suas energias cósmicas para mãos escolhidas e estas reproduzem textos e mensagens de todos os matizes e para todos os gostos. Às vezes para satisfação de algumas necessidades, no caso de mensagens. Na pintura também chamam de psicografia, mas eu não acho que seja a denominação mais apropriada. No entanto, que diferença faz, diante do momento inexplicavelmente lindo que é essa espécie de transmutação cósmica para o sublime ato da criação artística? São uns iluminados, seres especiais, ungidos pela mediunidade. Possuem as mãos prontas para os chamados. De tantos conhecidos nossos, creio que o Chico Xavier seja o mais famoso e o que mais tenha produzido obras de psicografia.

Enteografia** é que o que chamo a partir de agora aquelas escritas que acredito terem vindo de um sopro de Deus. Uma manifestação mais elevada ainda. A epifania traduzida em poesia, prosa e letras de música. Seus escritos falam com a alma humana.. Aqueles que se comunicam lá nos cantos mais profundos de nossa mente, fazem rir e chorar ao coração, estimulam mudanças interiores em busca de uma elevação espiritual sempre que os lemos, ouvimos ou vemos. Já elegi alguns dos que considero enteógrafos.

Fernando Pessoa

Chico Buarque

Niezstche

Sócrates (Platão)

Drummond

Clarice Lispector

Machado de Assis

Brecht

Aristóteles

Escolha os seus.

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* Iconografia é a descrição para o conhecimento de imagens

* Iconologia é a explicação simbólica ou alegórica de imagens.

**Enteografia – Seria a escrita, a composição ou a pintura divina. Deriva da palavra ENTEU, eu quer dizer “inspirado por Deus”

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 01/07/2010
Código do texto: T2351284
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