Comadres Intrometidas
Visita chegando, beijinho daqui e beijinho dali, cumprimentos efusivos e a cachorra, esquecida, foi trancada do lado de fora do portão. Só me dei conta depois, devido à insistência da outra cachorra que não se cansava de avisar que alguma coisa estava errada. Imagino o quanto a pobre abandonada pensou que perdera o lar ou que estava desprezada para todo sempre.
Depois desse acontecimento, infalivelmente, me apiedo dos cães que ficam na porta de uma casa pedindo para entrar. Dou uma olhada para ver se vejo os donos, mas nunca estão por perto.
Hoje vi novamente um cãozinho louco para entrar em casa e algumas senhoras mobilizadas em satisfazê-lo. Parei para ajudar.
- Toca a campainha.
- Não tem.
- Bate palma. Parece que não tem ninguém.
- Toc, toc, toc, no portão.
- A dona deve estar na feira.
- Quer saber? É melhor abrir e colocá-lo para dentro.
Fomos nos preparando para ir embora felizes pela boa ação do dia quando vem ligeiro uma senhora, cheia de sacolas.
- O que fizeram? Colocaram para dentro esse cão que só quer namorar minha cachorrinha e não dá sossego?
Nem desculpa caberia. Saímos de fininho e envergonhadas da “boa ação” que se transformou numa molecagem num estalar de dedos.