Crônica a Palmares

Parecia um sonho, ver-te embaixo d água, ou melhor; um pesadelo que rompia a noite interminável, levando-nos ao pranto, em assistir muitos dos teus filhos chorando a perda dos bens conquistados.

Quantas vezes pedimos para acordar, e ver que tudo estava normal, que podíamos ir a padaria comprar o pão, ao mercado público comprar carne e a verdura para colocar no feijão, quantas vezes queríamos, quantas vezes desejamos, mas as tuas ruas continuavam em destroços não podíamos ir ou vir em algumas das tuas avenidas. Assistimos calados quando as águas deste Uma, e deste Piranjí te invadiam, arrancando portas derrubando casas, postes e tudo que podiam destruir, até queríamos te ajudar, mas como? Se nem teus concretos e pistas foram capazes de resistir a fúria impetuosa destes rios, como poderíamos nós teus habitante, confrontar a natureza. É Palmares! Tivemos que te assistir, servindo de leito para os dois gigantes que resolveram se encontrar, e marcaram este encontro justamente em tuas ruas e em nossas casas, que nem queríamos permitir suas entradas, mas eles são fortes... Natureza em fúria!

O cenário do pós - encontro é de dar dó, dói verte-te em assolação, em escombros, quantas de nossas casas os gigantes levaram com seus “braços imponentes” a terra que cantamos; “canção da natureza e louvamos seus canaviais, cultura e grandeza”, hoje vemos suplicando por socorro, o que diriam os poetas desta terra que já se foram? Talvez socorram nossa terra! ‘terra dos poetas’. É Palmares, o que sabemos é que és querida e que não vamos desistir de você, pediremos a Deus, o provedor de todas as coisas que nos ajude, a trabalhar para ti reerguer.

Palmares que hoje chora com o cenário de destruição, calçaremos nossos pés e daremos nossas mãos, para amanhã, podermos cantar de novo a canção:

Palmares é Canção da Natureza,

- Exortou, certa vez, Silva Jardim. -

É terra de cultura e de grandeza,

no mundo não havendo igual assim!

Os seus dois rios – Una e Piranji,

cujas águas deslizam no torrão,

sempre irmanados, passam por aqui,

a decantar Palmares em canção.

Os rios desta canção, que se encontraram em teu centro, ainda são teus amigos, ainda regarão tua vegetação, continuarão temperando teu clima e fazendo seus papeis descrito na canção.

Forte povo, residente desta terra aclamada como “Atenas do Brasil”, sorriremos muito em breve na jornada, neste solo que abriga tantos mil.

Palmares! Terra da Gente! Palmares terra imponente!