Sublime Dimensão

Brincava no parque com os meus netos gêmeos, Gabriel e Gustavo.

A mãe deles o pai a avó preparava lanches.

Juntamente comigo eles tiraram os sapatos, corríamos alegres sobre a grama.

De repente o Gabriel começa a conversar com um amigo invisível, Gustavo também participa da conversa.

Curioso me aproximei, perguntei:

_ Com quem vocês estão conversando? – Responderam;

_ Com o “Feinho” Vô, - Fiquei mais curioso ainda- perguntei novamente:

_ Ele é um Elemental da natureza? – Gustavo dando uma risada muito gostosa responde; _ Elem... o quê?

Gabriel desatando numa risada feliz, diz: _ Sim, Vovô, ele ta dizendo que é isso mesmo, prá falar com ele precisa ir pra casa das fadas...

Entrando na brincadeira falei; _ Então vamos... Onde é esta casa das Fadas?

No meio do parque havia uma enorme árvore.

Eles correram pulando e cantando em sua direção, os acompanhei.

Quando chegamos de fronte dela, vi uma espécie de cortina azul clara cobrindo o seu tronco.

Os meninos felizes levantaram a cortina que parecia fino pano de seda, adentraram.

Extremamente preocupado, assustado levantei a fina cortina, me deparei com uma porta pequena, me abaixei, passei por ela.

Fiquei completamente abobado.

Na minha frente, surgiu um magnífico jardim de flores belíssimas com cores fortes de variadas tonalidades.

O reino das fadas.

Os meninos, um de cada lado pegaram minhas mãos, me puxaram, falando:

_ Vem Vô, o “Feinho” está chamando!

Um pouco em estado de choque sem saber o que acontecia, deixei que me levassem.

Inesperadamente, um ser que parecia ser um tronco de madeira retorcido, entrou na nossa frente, falou com voz de trovão:

_ Adulto aqui não pode entrar!

Gustavo e Gabriel tomaram a frente,falaram, com jeito de estarem zangados:

_ Deixe ele entrar, seu “Torto” ... Ele é o nosso Vovozinho.

O ser estranho esboçou uma espécie de sorriso, fez uma mesura, me deixou passar.

Tomei um susto, avistei finalmente o Elemental que eles chamavam de “Feinho”

Realmente o anãozinho era muito feio, mas transbordava ternura muito amor no seu semblante, entendi porque os meus netos tem um imenso carinho por ele.

Ele se juntou a nós pulando, cantando canções desconhecidas para mim.

Pegou na minha mão me direcionando, senti muito amor emanado por sua mão, fiquei um pouco emocionado, me esforcei para não verter lágrimas.

À nossa volta, as flores pareciam ter vida própria, se abaixavam enquanto passávamos.

Alguns animais minúsculos e coloridos nos acompanhavam.

Estava tão pasmo que não sabia distinguir, seriam cachorrinhos? coelhinhos ou pequenos pássaros?

Um grupo de crianças usando vestes coloridas correu, em nossa direção.

As crianças me rodearam rindo. No meio delas saiu uma menina, usando um vestido esvoaçante com cores intensas parecendo um arco íris.

Um rosto angelical com o olhar carregado de ternura

Parou na minha frente, com a voz mais doce que já ouvi, disse:

_ Seja bem vindo Vovozinho dos Gêmeos, Gabriel e Gustavo, o amor deles é tão grande que conseguiram trazê-lo aqui no reino das fadas.

-Ajoelhei-me diante daquela criatura Divina, não consegui falar.

Comecei a chorar...

Gustavo com aquele seu jeito autoritário de um garoto de pouco mais de três anos falou:

_ Não precisa chorar Vovô! ...

Senti um puxão, ouvi uma voz como se viesse de muito longe..

_ Acorde Vovô! Acorde, meninos! ... Venham lanchar. -

Voltei à realidade

Então percebi que estava deitado na grama. com meus netos em cima de mim...

Gabriel me consolou

_ Vovozinho, depois a gente volta para ver o ”Feinho” ....

Enxuguei as lágrimas, minha esposa perguntou curiosa...

_ Aconteceu alguma coisa? -

Respondi...

_ Felicidade...

Felicidade, é o que estou sentindo .....

***

" Quando eu era criança vivia sonhando que quando eu fosse adulto

continuasse a sonhar "

** Frase do texto "Sonhos" do poeta J Ferreira (Recanto das Letras)**