PERIGO !!! ADOLESCENTES À SOLTA !!!

  Estava tranquilamente saboreando um mate gelado e um enorme saco com pãezinhos de queijo, apreciando as belas jovens que passavam com seu bambolear característico quando despertei dos meus devaneios ao ouvir um som que parecia o de uma serra elétrica cortando canos de alumínio.

  Não vou negar que me surpreendi com o ruído das serras elétricas. O interessante é que num shopping você ouve quase todo tipo de sons, desde o choro de um bebê reclamando que está na hora do lanche até gargalhadas ligeiramente estridentes de algumas senhoras.

  Falando sério, serras elétricas num shopping e numa tarde de grande movimento era realmente surpreendente. Mas não eram das serras elétricas aqueles guinchos e sim de um bando (bando no bom sentido, claro) de jovens que desfilavam pelos corredores do movimentado shopping.

  Contei aproximadamente uns doze ou treze adolescentes, todos falando ao mesmo tempo e emitindo os tais sons que, pensando melhor e para não ser injusto (com as serras, claro ), eram das meninas que só falavam e riam aos gritos. Não sei como conseguiam se entender.

  Desde que nasci, talvez mesmo antes de ter nascido, nunca consegui compreender porque quando duas ou mais meninas se reúnem elas só falam aos gritos, dão gargalhadas escandalosas e num tom acima da média, mas quando estão sozinhas são tímidas, falam baixinho e se não fosse pelo penteado e pela graça natural, passariam perfeitamente despercebidas.

  Agora, um bando (bando no bom sentido, claro) de adolescentes reunidos, andando vagarosamente pelos corredores cheios de um grande shopping e falando ao mesmo tempo, era realmente coisa de louco e prá louco .

  Não creio que fosse perseguição, implicância ou revanche, mas sem que ninguém tivesse ideia melhor um deles sentiu o cheiro dos pãezinhos de queijo e num grito num tom acima da média (absolutamente natural para aquele bando, no bom sentido, claro) convidou a “galera” prá tomar um matezinho.

  Também não preciso dizer que se atropelaram na fila para fazer os pedidos e sem nenhuma cerimônia todos se acomodaram próximos a mim e duas meninas inclusive sentaram em duas das cadeiras da minha mesa .

  Uma delas levantou o polegar na minha direção e com um sorriso meio jocoso disse simplesmente que ali “táva tudo manêro  né,  tio ?” . Eu não dou muita importância se me chamam de tio, padrinho, senhor ou doutor. Apenas, pelo meu jeito de ser considero que me chamar pelo nome é muito mais simples, mais sincero.

  Uma das meninas puxou conversa dizendo que eu era parecido com o pai de uma colega delas . Perguntei qual era o nome da colega e antes que pudesse responder outra menina, também aos gritos , disse que o “coroa” não poderia ser ao pai da amiga , pois o pai dela era muito mais coroa.

  A menina que puxou conversa comigo respondeu simplesmente que “táva manêro” e para que eu não ficasse “bolado”.

  Já tem um bom tempo que fui um adolescente e naquela época também repetia muitas gírias que, aqui prá nós, eram bem diferentes das gírias de hoje em dia. Na minha época também fiz muita bagunça e como os shoppings ainda não existiam nossa maior diversão era derrubar as latas de lixo, que era costume serem colocadas à noite para os lixeiros levarem no dia seguinte logo ao amanhecer.

  Aquele alegre bando terminou ruidosamente o lanche e levantaram-se quase todos  ao mesmo tempo quando algumas cadeiras foram derrubadas e na maior algazarra e aos gritos , claro, se encaminharam para a fila do cinema . Pude perceber eles não faziam a menor ideia de que filme iriam assistir .

  Fiquei sentado sozinho no meio daquela bagunça toda enquanto ao longe os jovens, como um bando (no bom sentido, claro) de pássaros barulhentos tentavam organizar uma bagunçada fila em torno do balcão das pipocas.

  É bom ser jovem, é bom ser adolescente, é muito bom ser alegre e divertido mas, francamente, é complicado aturar as meninas e os meninos falando aos gritos e com aqueles guinchos delas que pareciam mais com o barulho de uma serra elétrica cortando tubos de alumínio .

  Mas que é “manêro, lá isso é......

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(.....imagem google.....)