ASSIM PENSO

Gosto da natureza, de cheirar e de olhar o verde, de cultivar plantas, de apreciar as cores do pôr-do-sol, assim como as do alvorecer – estas, raríssimas vezes, pois sempre estou dormindo nesse momento, não gosto de poucas horas de sono. Talvez eu não seja poeta por isso.

Gosto de observar as pessoas, seus comportamentos e suas falas. E também as entrelinhas que o inconsciente deixa escapar. Observar e escutar são do meu ofício.

São tantas coisas que amo fazer! Elas estão em meus escritos. Quem quiser me ler saberá que eu gosto muito mais é de escrever, mas tenho medos de encontrar incoerências entre meus “sentires” e meus “dizeres”; de não ser poética o suficiente em minhas ponderações ou de não ser racional o suficiente em minhas divagações, deixar rolar os sentidos, sabe como é?

Um dia entrei para o mundo virtual e encontrei a comunidade dos fãs de Jenário de Fátima e pensei: como eu gostaria de escrever assim! Lá fiz amigos virtuais e reais, pois alguns, muito queridos, já conheci pessoalmente e já fazem parte de minha história. Quando dei por mim, estava escrevendo poesias, crônicas, pensamentos!

Alguém já me disse que meus sonetos podem ser tudo, menos sonetos. Podem ser “vanietos”, mas isso não importa. Quem sabe, um dia, eles fiquem conhecidos assim? Sei agora que perdi tempo com meus medos e que meus escritos podem não agradar a todos, paciência, né? Vou escrevendo e, tal qual Lya Luft, ajudo-me demais em não enlouquecer.

Quando escrevo, tinjo os meus sonhos que eram em preto e branco para coloridos. Tinjo minhas imagens ao transcrever meus pensamentos e minhas verdades. São reais, não invento. Já passei da idade de ter vergonha do que fiz e do que faço. Escrevo versos e prosas, e pronto. Saio desenhando a vida por aí e posso vivenciar tudo, no meu real poético ou no meu imaginário porque é assim que eu sinto.

Dizem que todos os escritores falam de si e eu sei que todos eles sonham. Porque eu sonho, escrevo e renovo as minhas esperanças: recrio-me, restauro-me, curo a minha alma, enquanto descarto as dores na escrita e, às vezes e sempre, dou trato ao meu inconsciente.

A escrita me leva à concretização ou às possibilidades, pequenas que sejam, de reforma interior, de ação, de transformação. Com ela faço ato ao imutável. Preencho as faltas, desato meus nós de Borromeu, venço as agonias das perdas. Faço nelas as minhas reparações, mesmo aquelas que não podem ser faladas, só silenciadas no meu grito.

Meu desejo se torna acessível quando escrevo. Minha fé se renova. A tristeza e o medo são exorcizados em prosas e versos. Cada pensamento me liberta do formalismo prático ao gozo, ao prazer real e imaginário de voar. Assim, quero também que alguém me leia e diga que sente isso também, porque não serei uma louca solitária e incoerente. Tenho o privilégio, tal qual a poesia tem, de ter uma loucura universal, prescrita, inerente e igual a sua!

Seja bem-vindo aos meus sonhos, aos meus anseios, à minha história. Ela é até pueril, mas é sentida com a minha mais doce essência.

Vania Viana - Maceió - 19.06.2010

vaniaviana
Enviado por vaniaviana em 29/06/2010
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