Feitiço da alma...

O pensamento emaranhado, em desalinho, fluia e buscava

alcançar aquele que era constantemente alvo de seu querer pensar.

E ao pensar ainda que sutilmente,podia se sentir tal qual menina, embora no auge de sua maturidade/adolescente.

Sentia a boca seca, as mãos suadas e as entranhas úmidas (mistura inexplicável de líquidos/saliva/hormônios).

O coração palpitava em um galope estranhamente gostoso, pulsando no peito/pequena caixa que parecia por vezes não suportar o peso daquele desejo que brotava na alma /transpirava/exalava pelos

poros e pela pele.

Nas veias e artérias corriam sonhos que ainda acordada vivia

e que ao adormecer paraciam buscá-lo no infinito do ser, de algum local que ela sabia tê-lo acomodado em sua própria alma,para trazê-lo

sempre que o desejasse por perto ( e era frequênte essa querência).

Por vezes, o desejo era breve/leve/sutil,como uma lembrança

quente e gostosa.Por outras vinha em ebuliçãp/tsunami,destruindo a calmaria e enchendo o momento como turbilhão de emoções,que pré via/previa/pré sentia e desejava ou talvez apenas imaginasse o que quem sabe,jamais viesse a acontecer/pressentia.

Sabia que o que queria e que ele era de alguma forma,parte de sua história no mundo, ainda que nas mansões secretas das almas que guardam em si a essência de tudo que de tão belo/forte se faz indestrutível pelo próprio tempo/pela própria vida.

Imaginava de forma doce e variada o momento que se houvesse, deveria ser totalmente de reencontro/reentrega,sentia que já estivera em seus braços antes, que o suor de seus corpos já se haviam fundido e que por alguma razão se haviam perdido de si mesmos enquanto um do outro.

Mas feiticeira de alma com o era,sabia,conhecia o odor de magia em sua aura, sabia por impressos do espírito das noites de lua,da chuva nas vidraças, das taças de vinho,das velas e flores,dos beijos,desejos e amores.

Poderia rever os gozos cheios dos desejos saciados e infindáveis,sabia que o queria novamente,para matar a saudade e a vontade do que tinha convicção: já viveu.

Mas o tempo e só ele pode explicar o que vai nela de tão doce e fundo,ao pensar naquele ser envolvente e misteriosamente desnudo de segredos.Podia ouvir seus olhos negros e sentir seu cheiro adocicado, devorar seu gosto, seu corpo e se molhar no sal do suor e da saliva do amor.

Ela o amava, ainda que solitariamente lembrando/pensando nele,afinal, sabia que também em algum lugar da alma dele,ela estava impregnada ainda que em forma de um novo desejo latente, inexplicavelmente causando tesão,receio e uma curiosa vontade de rever/reviver o que deixou um dia atrás e quem sabe no presente de algum leito hoje, ser um grande eito para um novo amanhã.

Poderia chamar de bruxaria, lembrança da alma ou apenas paixão remota,que se espalha pelos quatro cantos do universo dela e se acumula para quem sabe,um dia se arrebentar se esparramando de desejo.

Imaginava esse momento, queria esta hora, desejava dividir com aquele ser todo o enorme desejo e mistério...

...olhá-lo nos olhos e perguntar ainda em silêncio,Você vem comigo nesta viagem?

Márcia Barcelos.

Abril de 1994.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 29/06/2010
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