Cidadão que nada!

Quem vive nas grandes cidades brasileiras e naturalmente se desloca por suas vias de carro ou à pé “sente” as necessidades que se mostram gritantes. As sensações, por mais que se esteja habituado, vão desde a revolta com os engarrafamentos (incluindo aí a angústia com as esperas por transporte de 3ª categoria) até o visual decadente e miserável que denuncia o descaso com que somos tratados tanto nós, os cidadãos de 2ª classe, quanto os sem oportunidade de educação e, conseqüentemente, vida digna residindo em favelas e palafitas (no caso do Recife/Olinda e outras capitais). O fato é que esse grito interior ocorre com quase todo mundo, o dia inteiro, todos os dias e isso ainda não foi suficiente para que se torne uma prioridade dos governos certamente por que não passam pela experiência que passamos ou porque sua prioridades são bem outras. Será que, a exemplo da África do Sul, somente sob a ameaça da chinela da copa do mundo as baratas da administração pública andam? A onde estavam os projetos que hoje pululam nos gabinetes enquanto nós nos digladiamos no caos do desprezo? Esperavam qual motivo para aparecerem? O ceticismo e descrença na seriedade das autoridades leva a duvidar antecipadamente da qualidade (para não falar de lisura) com que serão conduzidas as novas obras visando a copa. Será que os viadutos terão a largura certa para as vias? Que serão construídos aonde será importante também para a população? Será que a vergonha das palafitas, o abandono dos centros decadentes, dos esgotos entupidos, das pistas onduladas e/ou esburacadas serão bem resolvidos? Será que as praças mal arrumadas, os trens ultrapassados, as edificações históricas receberão o trato desejado? Será que haverá segurança? Será que a pressa e os contratos de licitação não definirá por estradas mal feitas que se despedaçarão em 01 ano, como temos visto por aqui?

É uma pena que nosso grito nunca é ouvido e será preciso um evento de 15 dias para se fazer o que é obrigação e nós herdaremos alguma coisa, os efeitos colaterais benéficos.

Evidentemente estas críticas não se referem a nenhuma gestão em particular por refletir muito mais uma mentalidade do que uma fase administrativa cujo mérito, ainda que motivado por fatos externos, deverá lhe ser conferido.