ENSINO À DISTÂNCIA NO Brasil, quem inventou foi a FADITO
Falo sério. A faculdade de Direito de Teófilo Ottoni – FADITO, integrante das Faculdades do Norte de Minas, desde a década de 1970, criou vários cursos, entre os quais, o curso de Direito, cuja demanda era muito grande. Lembro que à época, apenas tínhamos três faculdades de Direito no Estado da Bahia, uma Federal e uma Católica, em Salvador, e uma estadual em Ilhéus.
A FADITO atraiu os baianos que queriam melhorar de vida através do conhecimento e de uma carreira, até então, muito importante, a possibilidade de realizar concursos para a Magistratura e carreiras afins, exercer a profissão de causídico, entre outras.
Este curso de Direito era dado à distância. O candidato fazia o Vestibular e cursava durante cinco anos até formar-se em Direito.
Normalmente, nos finais de cada mês, o aluno teria que se apresentar em Teófilo Ottoni para fazer as provas ou entregar trabalhos, teses, monografias, etc. Entre estes alunos, alguns se davam ao luxo de aparecer de três em três meses, uma vez que conseguiam burlar a frouxa fiscalização da faculdade, quando atribuíam à namorada (o), esposa (o), colegas e amigos, o mister de assinar freqüências, fazer provas e entregar trabalhos. Vez por outra estes alunos eram chamados à responsabilidade pela direção da FADITO, quando pegos em falta. E assim, formaram-se centenas de bacharéis em direito. E a maioria, jamais teve a coragem de exercer a profissão, por motivos óbvios. Alguns destes, sequer sabiam ou sabem requerer alguma coisa ou preparar uma procuração. Lembro que não estávamos ainda na era da informática, da Internet, onde tudo é possível. Não só estudar à distância, mas exercer a ‘profissão’ baseado em informações técnicas precisas via internet ou programas específicos que são adquiridos em Cds, baixados por download e até por e-mails. Como não era necessário fazer prova para a OAB, exigência criada alguns anos depois, vários destes ‘advogados’ corriam para Aracaju, Maceió, Terezina, etc para fazer as tais provas. E alguns conseguiram a proeza de fazer as provas ‘também à distância’!
Este artigo tem a intenção de solicitar aos clientes destes ‘operadores do direito’ a devida vênia, em função de que devemos perdoar aqueles que, levados pela necessidade natural de buscar a qualificação, enveredam pelos descaminhos das facilidades que se lhes aparecem. Pobres dos juízes que tiveram ou teem que despachar petições totalmente desprovidas da técnica jurídica, sem falar na falta de concordância gramatical, erros incompatíveis com a nobre profissão de advogado. Além do mais, a falta de leitura, a falta de estudos e o desinteresse, tomaram conta destas gerações de profissionais, não só advogados, mas professores, médicos, engenheiros, etc, que não estão nem aí para tais bobagens. Pensam que já sabem demais e por isso, para que ler? E é plausível compreender que, quanto menos uma pessoa sabe, se tiver o poder em suas mãos, mais perigos para a civilização. Bem diz o senador ‘Mão Santa’ – do Piauí, referindo-se aos atos insanos do atual governo: ‘A ignorância é audaciosa!’ E é mesmo!