DROGA UM CONTO
Introdução
Em 1955 nasceu, na periferia de uma pequena cidade do interior a 70 Km da Capital do
Estado, com mais ou menos 25 mil habitantes, em franco progresso, um menino, seu nome
é João seu apelido Tito.
O garoto vai crescente, a cidade desenvolvendo, a infra-estrutura vai chegando, luz de rua, água encanada, pavimentação, calçada, ônibus circular, o velho bairro vira cidade, ganha escolas pertos, mas não foi assim, no começo era diferente.
Com sete vai à escola, nunca viu pré, em 1960, não havia qualquer creche, ou escola, isto são coisas que surgiram nos anos 2000.
Mesmo a escola era na região central a quatro kilometros do velho bairro, e sem transporte quer da família, quer coletivos, não havia, e após o escurecer, tudo era “breu”, nada se enxergava.
TV, só havia na capital, em algumas casas de milionários, a TV só chegou no Bairro nos idos de 1965, em um ou duas casas, e no bar do Aristides, nem mesmo no bar do um cruzeiro foi instalada uma.
Assim o povo se reunia, no bar, e aqueles que de alguma forma tinha amizade com aqueles que instalaram, fazia uma multidão para assistir o aparelho.
O bar do um cruzeiro, era por que em um determinado dia da semana, as pessoas ingressavam e pagavam um cruzeiro para assistir um “striper teese”
O tempo passa, guarda mirim para uns, ofice-boy para outros, fabrica, bóia fria tinha de monte, e foi assim que Tito foi parar em um escritório aos 12 anos.
Continuou o seu estudo, conseguiu terminar o colegial, se tornou escriturário, gostava de garotas, conheceu sua futura esposa.
Namorou, conheceu, era um pouco estranha aquela família, pai trabalhando no oriente média em grande construtora, mãe gastando um dinheirão que vinha em dólares, com amantes, com bebidas, com drogas, com “malvadezas”.
O tempo passa, Tito se casa “interesseiro”, guarda algum dinheiro, monta uma boa casa, o bairro que era periferia pobre, torna-se bairro de classe média, e Tito esta inserido nesta classe, casa de três quartos, suíte, carro, para si e para a mulher, etc.
Vem os filhos, três, vão crescente, Tito trabalhando, os filhos 7, 4, 1 ano, a mulher no novo sistema também trabalha fora, empresa multinacional, cidade vizinha, condução ônibus fretada da empresa, mulher que teve um lar desestruturado, é uma libertina, começa a namorar os colegas do emprega, mas era casada, isto não importava, marido não sabia, coisa chata, de um amigo saber, fim da década de 80, o mundo em mudança efervescente, a cidade com cem mil habitantes, são Paulo, já tinha mais o “expressinho”, já estava com a antiga rodovia asfaltada na década de cinqüenta em reforma dos acostamentos, da terceira faixa.
Um viagem para São Paulo, já não era mais três a quatro horas, era metade.
A mulher casada, filha de lar desequilibrada, onde o pai voltou, não mais ganhava em dólar, desempregado, via sua mãe bebendo, drogando, se prostituindo, e tudo parecia normal, seus irmãos também crescia, freqüentava a sua casa para poder comer melhor, já que em sua casa a comida não era tão boa, quanto à da casa do Tito, da irmã.
Assim a filha, mãe, irmã, esposa, industriaria saia todo dia cedo de ônibus para trabalhar, e paquerava os colegas, namorava os colegas, transava com os colegas, isto ai, com os colegas, com mais de um, transava com um e com outros, usava o salário para álcool e droga, e nem percebia que seus filhos estavam crescendo, e tinha Tito pai zeloso acompanhando, garoto da periferia, classe média, escriturário, homem honrado, que não sabia o que estava acontecendo com sua mulher.
Foram poucos anos, se desempregou, ficou dependente da renda do escriturário, ai Tito descobriu que a esposa não era mais aquela garota que sonhou ter como esposa, com quem criaria os seus filhos.
Bebia o tempo todo, se drogava o tempo todo, fazia daquele lar um inferno, que só aqueles que de alguma forma vivenciaram algo semelhante poderia imaginar o que era este inferno, de uma mulher viciada em álcool, sexo e droga.
Tito tinha que se cuidar contra a sogra, contra a esposa, que não era uma aliada para criar os filhos, e sim uma inimiga, que lhe roubava a todo minuto, contra o irmão(cunhado), que também vinha e aprontava com pequenos furtos, e com maus exemplos.
No meio disto tudo, Tito continuava um dia após o outro, honrado, trabalhando, trazendo o sustento para casa, mantendo os vícios da mulher do cunhado, da sogra , esta à distância.
Tinham contas bancárias conjunta, ela gastava sem conta, comprava droga, bebida, sexo, etc.
A solução foi o bloqueio das contas, o encerramento da contas conjunta, passou então a fornecer dinheiro a conta gota, e o problema só piorou.
No meio disto tudo os filhos eram amados, criados, e tinham um comportamento razoável para a idade, e como se estivem em um lar estruturado.
Não demorou os ataques de loucura, o inferno ardeu em fogo, a mulher queria mais dinheiro, e para isto faria qualquer coisa.
Foi então que após conversar com o juiz da comarca, sim o Tito era bem relacionado, não precisava de advogado, e não consultava com um era amigo de vários, mas conversa diretamente com o juiz, e ai surgiu a idéia de separação judicial, onde o Tito ficaria com a guarda dos filhos, partilhavam os bens, para que ela pudesse usar como bem quisesse com bebida, drogas, etc.
A separação judicial acabou por dando certo como programado, o relacionamento como deveria era impossível, a loucura, a doença como tratam hoje em dia , não permitia que o lar fosse normal, fosse o mesmo como sonhado, como iniciado.
Com a separação , vendeu-se o lar querido, Tito adquiriu uma casa para si e para o seus filhos, partilharam os móveis.
A mulher não sabia o que fazer com tanto dinheiro, nem ligava para o mesmo, só queria um pouco para as drogas, não sabia manusear um quantia economizada durante uma geração em que teve um lar, um marido, um herói que mantinha o santuário para a família.
Foi neste dia que entregou para o marido a sua meação, pediu somente o equivalente a um mil dólares para ir gastando, já não possuía veiculo próprio, ingressou em um transporte coletivo, e a loucura veio a todo “fez aleluia” do dinheiro, jogou para cima, para quem quisesse pegar.
Um amigo da família, fez grande esforço e conseguiu pegar quase oitenta por cento do valor, e foi ter com Tito, devolvendo a importância.
Tito depositário do dinheiro da ex-companheira, vendo a mesma drogando na rua, dormindo na rua, comprou uma casa e entregou a chave para a mesma, que deixou então de dormir na rua, e passou a utilizar a casa.
Mas a droga era tanto, que acabou por colocar fogo no imóvel, destruindo oitenta por cento do mesmo.
Impossibilitada de usar o imóvel , voltou para as ruas, para as companhias com quem se droga, fazia sexo, usava álcool, não se sabendo qual a ordem.
Vendeu o imóvel, agora em vez de queimar o patrimônio imobiliário literalmente, queimou a grana em orgias, e em companhias marginais.
Foi viver na favela, isolada, abandonada, massacrada pelas companhias que vivia.
Apanhava, roubava, não tinha o que comer, vestir, usar como droga, foi espancada quase até a morte pelo companheiro, teve o olho vazado, teve os ossos quebrados.
Sabedor dos fatos, Tito que não imaginava uma forma de ajudar, de se envolver, pois já tinha sofrido muito por vários anos, e sem saber o que fazer comunicou a sogra, com quem não mantinha relacionamento.
À época dos fatos a sogra comunicada apareceu na residência de Tito, e conversando, disse não vim para ver meus netos, nem para ajudar minha filha que está a beira da morte, vim sim para resgatar meu filho.
O “cunhado”, aquele que freqüentava a casa de Tito, que ali comeu, cresceu, viveu alguns anos da vida, estava preso em uma cidade vizinha.
Estava na cadeia, e Tito, que era um homem honrado, nunca tinha se envolvido em nada ilegal, que era um classe média, apesar de ter tido próximo de si, esta família, mulher, sogra, cunhado, não podia imaginar que o que a sogra estava falando tinha algum sentido, resgatar o filho na cadeia, isto é impossível, pensa Tito.
O “cunhado” , havia crescido aprendeu mecânica, tinha emprego algum tempo ante de ser preso.
A oficina que trabalhava era nos fundos da casa do patrão, tinha acesso ao imóvel do patrão para poder exercer a atividade.
O Patrão um migrante canadense, que conheceu um bela moça da terra, e com quem tinha três filhos pequenos com menos de dez anos.
Assim o “cunhado” lá trabalhando tendo acesso a oficina, ao imóvel, a cozinha do Patrão, por que lá também acabava por se alimentar, não se conteve, e na ausência do Patrão, teve que seduzir a bela moça, mulher do Patrão, na sua própria casa.
O Cunhado era um monstrengo, e passou a ter o relacionamento com a mulher do Patrão, esta ficou sabendo, contudo, como lidar com um monstrengo desnaturalizado, jovem forte, impossível.
O Patrão desconcertado fugiu com a família para seu pais, deixou tudo para traz, para não cometer assassinato de um monstrengo, que tinha o apelido de “índio”.
Aquela desnatureza desenfreada, não podia parar, tinha que continuar a cometer crimes, a se rebelar contra a natureza de Deus e das coisas.
Assim, alguns dias após o fechamento da oficina, e a viagem do migrante, e sua família, o Índio seqüestrou um casal de namorado na pracinha da pequena cidade , que já não era tão pequena, tinha crescido com Tito, com Índio, já contava com mais de centro e trinta mil habitantes.
Índio seqüestrou o casal de namorado aparentemente com fito de latrocínio, isto é, roubar e mata-los, e sabe mais o que fazer com o casal.
Não me lembro direito o resultado dos fatos, me parece, que o casal acabou por sobrevivendo do assassinado por afogamento no reservatório, e o Índio acabou por ser preso.
Ai, estava sua genitora, sua mãe, pervertida moral, financeira, para resgatar o filho. Quem poderia acreditar em tal missão impossível.
Planejamento, execução, dias após fulga geral de presos, resgate bem sucedido, que poderia acreditar. O dito aconteceu.
Boatos dão conta, que Índio já matou mais uns dois ou três e vive no Paraná.
A Sogra sabe-se lá onde está. Tito continua a trabalhar de escriturário, mora bem, em um bairro classe média, próximo de onde cresceu, seus filhos estudam , trabalham, tem um vida normal.
A mãe, com um olho vazado, com os ossos quebrados, quase uma deficiente física, continua na rua, bebendo, drogando, se prostituindo, esperando a morte chegar, talvez com a graças de Deus não demore muito.
Tito e os filhos, não tem um relacionamento pessoal com a mulher , mãe, não acompanham seu dia a dia, não tem com conviver com o que a mesma quer conviver, não tem uma solução de retorno, é como se não existisse, não comentam, não falam sobre aquela pessoa, nem entre si, nem com outras pessoas; quando questionados não sabem.
Tito quase conseguiu um novo relacionamento, namorou, namorou uma separada por quase cinco anos, conseguiram ser aceitos um pelos filhos do outro, tinham duas casas, mas quase conviveram, de um dia para outro o relacionamento desabou, a namorada por motivos particulares familiar, entrou em depressão, tal fato impediu a continuidade do namoro, impossibilitou o relacionamento.
Tito continua a criar os filhos, com 20, 15, 12, um lar estruturado, uma vida razoável............