E o brejo foi pro brejo
Das expressões corriqueiras, uma das que mais me impressiona é aquela do "foi pro brejo". Ela é empregada nas mais variadas circunstâncias, de modo que o seu sentido apresenta-se de modo muito vasto.
Mas vasto mesmo era o brejo, não o da expressão, mas o que ficava no quintal de minha casa. Tinha ares frescos e primaveris; impunha sua jovialidade àquela densa massa cinza que o circundava.
Em um certo (mais preciso seria eu colocar o termo "errado") dia, contudo, sua jovialidade não mais resistiu. E como toda vida jovem que acaba, trouxe consigo um misto de resignação e ofensa.
À primeira árvore seguiu-se o primeiro tombo e à segunda, o segundo. Assim sucessivamente até que não mais restassem árvores, mas apenas os tombos. A representação dos talhos nas árvores se inscrevia na minha infância; cada privação de vida era, também, privação de memória.
O que me assutou foi a paciência com que os homens agiam na maldade. A pressa, diziam eles, é inimiga da perfeição. Mas que perfeição essa que, despojada de todo verde, pretende alcançar o sublime da vida?! Prosseguiam eles violentamente às gargalhadas e machadadas enquanto que eu, naturalmente, silenciava em respeitoso pranto.
Nesse momento percebi a ironia sátira da expressão. O "ir pro brejo" se aplicou ao próprio brejo. E assim, num misto de dor e poesia, o brejo foi pro brejo.