Pai nosso...
“A casa dos pais sempre será a dos filhos, a deles nem sempre”
A ele devia a vida.
Bêbado. Caído na porta do bar, feito lixo, lá estava. A ela só restava resgatar, tirá-lo da sarjeta, aonde fora jogado.
Tantas foram às vezes, que os amparou, levantou, socorreu, sem nunca cobrar ou queixar-se de nada.
Não perceberam o que estava acontecendo com ele, desde que a esposa, sua mãe partiu, estavam tão acostumados a serem auxiliados, que não notaram quando nem o quanto, deles precisou.
Agora, sentada no chão, com a sua cabeça no colo, acariciando carinhosamente seus cabelos, beijando suas tão enrugadas faces, lembrava de que, quando criança adorava passar seu rosto no dele, sentindo a barba a lhe fazer cócegas.
Seu pai, seu único pai.
Fez uma prece, agradecendo por poder cuidar dele, a que ensinou e tantas vezes juntos rezaram:-
“Pai nosso que estás no céu.
Santificado seja o Vosso Nome
Venha a nós o Vosso Reino..."