ENCICLIA

Nunca vira a morte tão de perto, ou pelo menos não em ação, no seu ato fúnebre.

Um terror tão grande, quase subumano ou totalmente humano, quem sabe infernal? Todos ou quase todos sentiram isso, porém, o “quase” banalizara os fatos, riram...vi um ser humano, sim, um ser humano, conseguindo rir diante de uma morte, alguma coisa naquele caos demoníaco e insólito para mim, parecera engraçado para alguns.Vi mais que isso, vi os últimos segundos de vida daquele homem que agora jaz jogado em meio a rua, agora cercado de olhos, de prantos, de frieza e compaixão, sendo que essa última me pareça a menos evidente...

Antes de o acontecido, esse homem fora apenas só mais um em meio a tantos que de digladiavam, armados com bastões, facas e tudo que se podia encontrar para machucar os rivais ( até cercas foram arrancadas ), o pobre infeliz desprovido de recursos Deíficos ficara para trás, quando a sua turma recuava perante a reação dos ataques, logo fora de encontro ao chão, inerte, devido as pauladas que recebia de todos os lados, ainda inconsciente, mais pauladas, provenientes do ódio de seus carrascos que passavam de volta, porém, não ficou por aí, um dos agressores voltara e com ávida e feroz frieza desfere sôfregas estocadas, por último lhe corta o pescoço ,agora, um homem morto.

O mais tocante, uma criança, sim, uma criança, por volta de seus máximos doze anos, ao passar pela carcaça humana aplica-lhe ainda uma derradeira paulada, como se fosse fazer alguma diferença na vida já inexistente naquele corpo...

Creio que o meu gato, sim, o meu gato, sentira a calamidade que se convulsionava à rua.Ao abrir a porta para ver o que testemunhei, ele encolhido deslizara célere por entre minhas pernas para o interior da casa, e na cozinha encontrara abrigo.

Agora penso, como um ser irracional como o meu bichano “entende” essa maldade e o ser “humano ‘racional’” não?

O homem é cruel...as vezes sinto vergonha de fazer parte deste universo “humano”, se é que me entendem.

Deus vos abençoe!