As Lições da Tragédia

Vimos, hoje, num dos nossos telejornais, um desabafo emocionado de um pai de família que levou sua filha de 15 anos para acompanhá-lo no socorro às vitimas da tragédia de Alagoas. Lá, encontraram pessoas sem casa, sem comidas e sem agasalhos, tudo a depender da solidariedade dos irmãos. Enquanto isso, dizia ele, “a minha filha vive a me pressionar, cobrando mais do que eu posso dar, como o conforto básico de uma família, que conta também com o abraço, o beijo e outras formas de carinho, antes de dormir.”

Perguntado pelo repórter sobre a reação da filha, ele disse que valeu a pena tê-la levado para ver “in-loco” o sofrimento dos desabrigados. Ela mesma reconheceu que os adolescentes não aceitam comparar os seus pais com os do mesmo nível social e econômico, exigindo equiparar-se aos amigos ou colegas de escola dos chamados “filhinhos do papai.” Entendeu também que esses amigos podem ter mais conforto material, mas não têm o mesmo carinho paterno que ela tem. A elite, muitas vezes, na correria do dia a dia, para manter o seu status, não tem tempo para cuidar dos próprios filhos. Assim, a viagem ao interior, propiciando-lhe o contato com a realidade, fê-la voltar com outra visão da vida. A tragédia lhe serviu de lição para reconhecer que a felicidade estava em sua casa, enquanto ela a procurava na casa dos amigos ou colegas de maior poder aquisitivo. Confundia conforto material, com o espiritual.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 28/06/2010
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