CRÔNICA - Um olhar nas arbitragens da Copa
Foto do árbitro Jorge Larrionda - Google

 

            Que a Copa do Mundo da África está sendo realizada com grande êxito disso não restam dúvidas, apesar de durante os preparativos e até mesmo desde a data em que esse país fora escolhido, talvez por conta de discriminações racistas, pessimistas preverem um fabuloso fracasso.

            Bom de notar que os estádios são verdadeiras maravilhas, sem bem que não elaborados pelo maior engenheiro do mundo, o nosso Niemayer. Mas isso também é bom para que o nosso país possa acreditar que não pode ser o melhor em tudo, porque o é em termos de fome, de insegurança, de péssima educação, transporte deficiente, e os maiores vícios eleitorais, como a compra indiscriminada de votos, que só o STE não enxerga. O pior cego não é o que não vê, mas o que se faz de deficiente e finge que não enxerga.

            Sempre achei que para ser ministro de qualquer tribunal deveria passar por uma eleição ou mesmo um concurso com provas orais, escritas, de títulos e a maior delas, de honestidade. Não uma folha corrida da polícia, todavia uma fé-de-ofício em que nela fossem registradas todas as ocorrências havidas desde a formatura até galgar o cargo para a corte.

            Todavia, não é essa a nossa intenção de falar sobre esse assunto, mas tão-somente a propósito de juízes de futebol, árbitros como chamam, a fim de se fazer a diferenciação com os magistrados. De minha parte continuo insistindo que quem decide casos tão complicados não deixa de ser um juiz de paz, embora no futebol a guerra seja praticada em muitas oportunidades e em quase todo o mundo. Ou melhor, em qualquer esporte.

            Nos jogos de ontem, envolvendo a Alemanha x Inglaterra e México x Argentina, para citar somente esses dois, porque houve um lance na partida entre Brasil x Portugal que merecia postura mais presente do árbitro. Refiro-me à jogada em que o Juan, nosso zagueiro, meteu escandalosamente a mão na bola, sendo o último homem da defesa presente, merecendo, portanto, o cartão vermelho. Mas alguém poderia dizer que não se teria a certeza de que na continuação do lance os portugueses marcariam um tento. Tudo bem... Concordo.

            Agora, perdoem-me os leitores, não perceber que aquela bola arremessada pela Inglaterra à meta dos alemães ultrapassara a linha do gol em pelo menos trinta centímetros é conversa pra boi dormir. Logo o juiz que vinha dando pinta de que apitaria a final, o uruguaio Larrionda, um especialista na matéria. Claro que é a jogada muito mais de responsabilidade do auxiliar, o antigo bandeirinha, que tem obrigação de acompanhar o lance em todos os sentidos no lado em que atua. No frigir dos ovos os ingleses perderam por 4 x 1 e deram adeus à Copa.

            Por outro lado, no jogo realizado à tarde/noite, entre México x Argentina, vencido pela equipe do Maradona por 3 x 1, uma verdadeira lambança ocorreu no primeiro gol portenho, quando o atacante Tévez, aquele que jogou aqui no Corinthians, em completo impedimento mandou a bola pro fundo das redes. Só o árbitro italiano Roberto Rosetti não vira. O auxiliar não correu pro meio de campo, este que é o procedimento correto quando ele está certo de que a bola entrara. De nada adiantou, pois o titular do apito confirmara o gol, descaradamente.

A mídia falou que o auxiliar dissera que viu o lance na repetição da TV, outra burrice, e em sendo assim, em face da proibição da utilização desse recurso, a bola foi pro meio do campo para reinício da partida, validado o gol (aliás, gol não, pois esse só existe quando o lance é normal, o que fora decretado foi apenas a vontade do juiz) e a Inglaterra resultou roubada descaradamente.

No mundo do futebol, ou até na vida normal, só quem pode roubar, marretar, subtrair direitos e tudo mais são justamente os árbitros. Estão acima de Jesus Cristo, que não escapou dos lacaios e fora pregado na cruz. Até fora preterido ante dois ladrões que estavam ao seu lado, cada um no seu madeiro.

            Então ficam apelando para que se utilize dos recursos altamente precisos da informática, e até um chip seja colocado dentro da bola do jogo para registrar todos os lances. Não concordo com isso, até por que colaborará com a perda de empregos, de postos de trabalho, e até um excelente profissional do ramo pode, em poucos segundos, fazer com que a bola não tenha entrado na meta; esses inventores, criadores, verdadeiras cabeças pensantes, são capazes de tudo. Ora quem inventa, quem promove o aperfeiçoamento de qualquer setor tem entrada franca no sistema e faz o que quiser.

            A meu pensar, e não quero ser o dono da razão, nas laterais deveriam ter quatro bandeirinhas, ao invés de dois, e atrás das metas mais um, e o assunto estaria resolvido, mais pessoas empregadas e maior segurança e tranquilidade aos clubes e seleções. Até porque a utilização de meios tão sofisticados seria impossível num país continental como o nosso, pois tem estádio que sequer possui grama, rede perfeitinha, linhas bem demarcadas, etc.

            Claro que mesmo assim iriam surgir dúvidas, mas também o futebol sem ter algo para se questionar perderia a graça, o sabor, a vibração dos torcedores e a discussão bem conduzida, sem violência A unanimidade seria ruim até nessa matéria.

            Tanto a Inglaterra como o México perderam o rebolado com a confirmação desses gols inexistentes; e o time quando se acha nessa situação, atuando bem, resistindo de todas as formas, sentindo que há possibilidade de um placar em seu favor, esmorece, perde até a postura, vamos dizer assim, raramente não é influenciado negativamente.

            Quanto ao Brasil, bem não vou falar, porque tem gente pensando que eu torço contra, mas se o fizesse estaria no meu direito. Quando servi ao exército jurei defender a pátria numa guerra e não um time de futebol em que o comandante é o mais errado de todos e pode até ganhar pela boa qualidade de parte dos soldados da paz que lá estão.

            Na hipótese de Gana ganhar essa Copa eu ficarei muito feliz, primeiro porque quebra essa roleta de só ganhar seleções ricas, depois, porque meu pai era um negro/mulato da melhor qualidade, trabalhador, honesto, um homem de fibra, que suou e passou necessidades para criar este filho ingrato.

            Para finalizar, gostaria de deixar uma interrogação: Será que se o lance da Argentina fosse o inverso esse árbitro e bandeirinha cegos assinalariam o gol? Não acredito...sou sincero.

 

Fico por aqui.

Em revisão.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 28/06/2010
Reeditado em 28/06/2010
Código do texto: T2345808
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