Alguma coisa morreu

Se é preciso falar das flores? Na verdade não. O mundo esta precisando mesmo é enxergar as flores.

Ando sendo invadida por uma vontade imensa de lidar com seres humanos. Estamos na era da globalização, mas não precisamos virar máquinas.

Venho sentindo muito frio. Vou almoçar e pego o cardápio num balcão, ou o vejo fixado na parede. Compartilho a mesa com pessoas desconhecidas e que nem me esforço em conhecer. Pago a conta com cartão, não sinto nem o calor dos dedos do caixa ao passar o dinheiro.

As famílias não se encontram mais pelo desencontrar das rotinas. Se preciso de um favor ou quero tirar uma dúvida, matenho contato com minha arvore genealógica por telefone. Trabalho com um computador, estudo com um computador, faço amigos pelo computador.

Estou na Copa do Mundo e vejo camisas amarelas vibrantes contrastando com faces apáticas. Brasília passou alguns dias sem transporte público e nos limitamos a pegar caronas, transportes irregulares e caríssimos, ou simplesmente a ficar em casa. E pronto. Talvez a passagem que já é a mais cara do Brasil aumente, e pronto.

Estamos em ano eleitoral e pouco se sabe do que esta para acontecer. Acho que para isso serve a Copa. Melhor torcer para jogos frios do que entrar em debates quentes.

Cada dia o dia fica menor. Cada mês o dinheiro acaba mais rápido. Ano a ano tem-se que aprender mais e mais rápido. Os amores são sempre um pouco mais fulgazes. E a nossa maneira aprendemos a ser “canibais”. Alguma coisa morreu.

GABRIELA OLIVEIRA
Enviado por GABRIELA OLIVEIRA em 28/06/2010
Código do texto: T2345767
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