Sobre Modismo
Eu nunca gostei de modismo. Sempre curti as coisas mais duradouras. Sempre que “novas ondas” chegam, me desespero perguntando-me até quando vai durar. A bola da vez é o Sertanejo Universitário (ou Sertanojo, para os mais críticos). Todos os dias, quando acordo pra ir trabalhar, minha mãe já está na cozinha ouvindo rádio. É incrível como as músicas são sempre as mesmas e todas as letras são iguais. Quando o povo encrenca com algo, é difícil de aguentar. Eu sei que isso é questão de gosto, mas elas não ouvirão por muito tempo, isso é fato. E é isso que não suporto. Dias atrás, teve uma festa na minha cidade com vários cantores e duplas sertanejas. Uma delas era César Menotti e Fabiano. Meus vizinhos estavam comentando sobre tal festa, foi quando um deles falou que essa dupla iria tocar. Logo, uma delas falou: “Ah, mas César Menotti e Fabiano já tá ultrapassado”. Inevitavelmente veio uma frase à minha cabeça: “...Puta que pariu, modismo é uma merda”. Essas pessoas são como sangue-sugas. Aproveitam tudo o que podem de situações, pessoas ou objetos e depois se livram delas como se fosse uma escova de dente velha. Uma coisa que me agrada hoje, certamente me agradará para o resto da vida, a não ser que eu mude de opinião radicalmente. Eu ouço as mesmas bandas que eu ouvia há 10 anos. O máximo que faço é acrescentar outras, mas sem nunca me esquecer daquelas que me encantaram um dia e ainda o fazem.
Outra situação dentro do modismo é a Copa do Mundo de Futebol. Estamos no mês da copa e, no primeiro jogo da seleção brasileira, já pude ver o quanto o modismo me chateia. Passam-se os primeiros jogos, das demais seleções, e quase ninguém comenta nada, exceto os que são obcecados pelo esporte, assim como eu. Só não assisto a todos os jogos porque passam no nosso horário comercial, mas, sempre que posso, engano um cliente ou escapo de um chamado do meu patrão para ver um lance de perigo ou até um gol, revelado a mim pela alternância de voz do locutor da pequena televisão que há no alto do canto da loja em que trabalho, sendo comprada, a princípio, para a monitoração das câmeras de segurança. Já que as câmeras estão desligadas, enfim a TV teve sua utilidade. Voltando para o assunto, os jogos são transmitidos e quase não se ouve comentários sobre essas partidas. Mas a história muda quando tem jogo do Brasil. As empresas fecham e todo mundo se volta para as TVs. Não é rabugice da minha parte, mas é triste assistir jogo de futebol (coisa séria para nós) com outros que o fazem só pra fazer festa. Uma gritaria sem fim nas ruas de gente querendo farrear com algo desnecessário. Qualquer lance perto da área já se ouve as gritarias como se estivessem num rodeio. Futebol é paixão, não moda. Vocês, modistas, já estragaram coisas demais. Não façam isso com o futebol, agora. E nem precisa vir com o papo de que esse é o jeito brasileiro, blá, blá, blá.
Essa é, obviamente, uma opinião, na qual tive de deixar de lado a coerência de um escritor para fazê-lo com o coração de um torcedor que, sem modismos, bate mais forte a cada gol marcado em uma partida de futebol.