DIÁLOGO COM MEUS BOTÕES
A chuva cai intermitente há horas. Choveu o dia todo. Uma chuva fina e constante, seguida de pancadas e vento forte, depois de um dia de calor em pleno inverno. Mãos enregeladas, coração em paz, mente a mil. Idéias surgem, pensamentos vêm e vão, lembranças agradáveis ajudam a amenizar a cara feia do tempo.
Sozinha, penso com meus botões. Meus botões? Mas meu casaco só tem um botão! Então é com ele que vou dialogar. Em pensamento, para não parecer que fiquei pinel. Li, hoje, na crônica do meu amigo Joel, o Iratiense, que ele "engoliu" o grito na garganta para não parecer louco em plena rua... As convenções sociais estipulam comportamentos e se a gente sai da regra corre o risco de ser mal visto ou parecer maluco.
Mas, maluco todo mundo é um pouco. A gente "segura" porque parecer diferente pega mal. Mas, aí eu penso: e daí? O que tem a ver comigo o vizinho, o transeunte, as pessoas com quem cruzo na rua? Pagam minhas contas, por acaso? Estou prejudicando alguém se pensar alto, se gritar, se virar cambalhota? Pior seria se eu enganasse, lesasse alguém, roubasse.
Acho que fugi do assunto... Aliás, o que eu pensava quando iniciei a falar com meus botões? Que é um só! Talvez não fosse nada importante... Talvez fossem apenas pensamentos sem sentido... Talvez eu precise tomar medicação para a memória... Talvez eu já tenha assunto para uma próxima crônica: a memória após os 50 anos! Ih! Vou apanhar da mulherada de 50, linda, maravilhosa e a mil pelo Brasil...
Se eu fosse o Roberto Carlos, diria: "Mulher de 50, eu só quero ser o seu namorado...". Calma, meninas!