ANOS 60 E 70 – A ERA DOS BAILES

Lêda Torre

Quem não se lembra, ainda hoje, dos inesquecíveis bailes daquelas décadas, época em que a vida tinha, na opinião de muitos, mais sabor, mais colorido, mais romantismo e mais alegria?

Sem querer parecer saudosista e nostálgica, é na condição de narradora de meu próprio enredo “vitae”, é que gosto muito de falar da infância e juventude, porque os fatos dessas fases tiveram preponderante importância na minha vida. Marcas não saem facilmente das nossas memórias, e aqui registro uma verdade de quem só quem viveu naquele tempo, é que poderá compreender.

Pode-se afirmar mesmo, que aqueles anos foram provavelmente, mais intensos e interessantes, como bem mais divertidos do que os que os sucederam. Eu, por exemplo, não vivi a segunda grande guerra mundial, mas ouvia muito os mais velhos que presenciaram aquele terror, comentarem os absurdos, e eu ficava só a memorizar todos os comentários ouvidos e, sempre tive curiosidade de saber mais daquelas guerras, porque sei que há muitas histórias para contar. Ali, o que quero citar, é a intensidade dos fatos com que as pessoas viviam, ainda que em circunstâncias adversas como aquelas.

Apesar das guerras terem se passado, o clima de paz, ainda um pouco tenso, esse estado de espírito era passado para o mundo por meio das artes., principalmente nas célebres pinturas, era na música, quando as MPB estouraram, artistas brasileiros despontavam num mundo novo, era o tempo da mini saia, da saia godê estampada, a saia rodada, blusa e casaquinho de ban lon cor de rosa, salto Anabela, muito laquê nos cabelos, e muito baile, muita tertúlia, muito Hai Fai, mudava só o nome em cada lugar...

A calça risque, combinava com o bom blusão estilo James Dean, e velho e bom jeans, camisa social, sapato de verniz preto, topete todo impregnado de brilhantina, cheirosa toda! Era a era do ELE e ELA, todos cuidadosamente produzidos e preocupados com a imagem, preparados com requinte para os bailes de sábado à noite ou as superlotadas domingueiras nos clubes.

Passadas algumas décadas, aquelas imagens são ainda muito fortes: a gatinha, chamada de brotinho, cabelos soltos, com seu bustiê e a microssaia e o sapatinho transparente que se usa hoje; dança animada com seu namorado de camiseta cavada, calças largas, boca de sino, com bolsos e fechos de velcro nas pernas, tênis de plataforma. O tempo, realmente não pára!mas insiste em se repetir na alegria estonteante da juventude, tirando de letra as agruras e os perigos deste início de milênio.

Artistas como Ray Conniff, a turma da Jovem Guarda, da Bossa Nova, os chorinhos, que meu pai gostava e tocava muito, e tantos outros estilos que brilhavam, as suas músicas nos nossos bailes inesquecíveis que nos marcaram para sempre. Existem músicas que permanecerão em nossa memória afetiva ainda por muito tempo, por muitos anos.

E assim, anos vão e a gente nunca esquece os que mais marcaram nossas vidas. Apesar de que nesse tempo, eu tinha apenas seis ou sete anos, cheguei ainda a experimentar muito disso tudo, e como tenho saudades. Para mim, como para muita gente daquela época, sente como eu, essa saudade interminável, achamos até que mais nada se faz como antigamente: nem música, nem dança, nem amor, nem filhos, nem nada....

_______São Luis, 20/02/2010_____________________

Lêda Torre
Enviado por Lêda Torre em 26/06/2010
Reeditado em 03/06/2015
Código do texto: T2343403
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