CRÔNICA – Que jogo formidável!

 

            Quem teve a felicidade de ver a partida entre Gana x Estados Unidos, à tarde de hoje, pôde sentir a grande diferença com que essas equipes praticam o futebol associação. Do lado americano, a reedição do desempenho que tivera na Copa das Confederações, em 2008, quando se tornara vice-campeão. Da parte dos ganeses, um valoroso conjunto, toque de bola expressivo, muita garra e disposição à luta, jogando como homens machos, dando tudo de si como se fora a pátria no bico da chuteira.

            Gana começou ganhando por um a zero no primeiro tempo, todavia cedeu o empate para os Estados Unidos na parte complementar, através de uma penalidade máxima, convertida pelo Donovan, o melhor atleta do Tio Sam. E com o empate, pelo regulamento, o jogo foi para uma prorrogação de trinta minutos, dividida em dois tempos de quinze. Justamente na primeira etapa o grande artilheiro ganês Gyan, com a sua famosa canhotinha, fizera o golaço da vitória, dando cifras definitivas ao marcador (2x1).

            Pra ser sincero, desde o começo que venho falando de que a seleção de Gana me encheu as medidas, em face do toque de bola envolvente. Um detalhe interessante é que no time tem no mínimo três atletas canhotos, e isso dá um colorido especial às jogadas, porquanto é muito difícil de serem marcados pelos adversários. O Brasil, na Copa de 1970, pra não falar em outras, tinha também três desses iluminados: Rivelino, Tostão e Gérson, o conhecido canhotinha de ouro.

            A visão de bola desses canhotos é diferente, parece até que enxergam mais do que os outros, descobrem um companheiro a trinta ou quarenta metros de distância e metem a bola justamente aonde eles se encontram, isso pra quem sabe jogar, claro, e eles sabem até demais.

            Sentimos falta no selecionado brasileiro de pessoas com essa habilidade. Ao que parece de canhoto só mesmo o lateral esquerdo, Michel Bastos, que nada produziu nos três jogos em que atuou, pois sua participação fora o mesmo que “jogar pedra em santo”. Dessa forma, vem logo à mente o nome do canhoto Ganso, que ficara em São Paulo vendo a equipe brasileira embarcar sem um sujeito com as suas qualidades.

            Minha gente, nessa Copa do Mundo, o time do Santos, com a inclusão de mais uns cinco a seis atletas ganharia facilmente o troféu, desde que o treinador também fosse convocado. Seriam chamados o Lúcio, o Nilmar e o Júlio César, no máximo, dos que estão aí, e mais alguns que aqui ficaram em seus clubes sem qualquer chance. Trouxeram o Grafite sem ter jogado uma partida sequer, apenas participara de vinte minutos num amistoso. Será que aqui não teria um centro avante melhor do que ele? Quem realmente seleciona os nossos atletas? A comissão técnica ou os patrocinadores...

            Fico a pensar, aqui comigo mesmo, se o Brasil tem o maior time do mundo como diz a mídia: Nosso goleiro Júlio César, o Maicon, Lúcio, Juan (que chamam de Ruan, como se fora espanhol), Elano, Robinho, Kaká, Luiz Fabiano, Nilmar, Grafite, Gilberto Silva, Felipe Melo, Júnior Baptista, Josué, Daniel Alves e etc. Tudo bem, mas quero que me digam qual deles é melhor do que qualquer dos jogadores de Gana, pelo menos em vontade de jogar, de dar a vida em favor de nosso escrete. Alguém acha que se fosse o Luiz Fabiano faria o segundo gol de Gana? Penso que não, pois certamente ele cairia dentro da área para pescar uma penalidade máxima, ou se utilizaria dos braços para fazê-lo. E como jogo de futebol é feito para homens, o Gyan topou o encontrão do zagueiro, dominou a bola e a meteu no fundo das redes adversárias.
  
               Outra coisa, será que os reservas de nosso selecionado, se reunidos, dariam um bom time de futebol? Coisa nenhuma, eu próprio respondo. O negócio é que qualquer jogador brasileiro que saiba dar um chute melhor na pelota se torna automaticamente no melhor do mundo, até parece que a mídia ganha comissão na hipótese desses caras serem vendidos para o exterior... só sendo. Digo mais, apenas três dos nossos, e olhe lá, teriam vez no esquadrão de Gana, e talvez eles nem o quisessem!

            Que não se enganem os brasileiros de boa-fé. Brasil x Chile não será tarefa muito fácil, embora esse selecionado venha sendo freguês nosso, mas isso na época em que tínhamos time de futebol na expressão da palavra, não agora que todo atleta parece ser japonês. O Dunga, para desculpar uma possível derrota, já anda dizendo que o Chile está em ascensão, que é bom demais, que é jogo difícil, etc.

            Vejamos: O primeiro jogo teve como desculpa que todos estavam nervosos na estreia.Tudo bem, no segundo, porque a equipe de Costa do Marfim foi muito violenta. No Terceiro, jogara mal, em face de já estar classificado para as oitavas de final. Sim, estava, mas corria o risco de ficar em segundo lugar no grupo e aí a coisa ia pegar, as opções de adversários para as etapas seguintes seriam outras. O primeiro lugar na chave, de maneira paupérrima, nos livrou de enfrentar a Argentina, Alemanha, Inglaterra, Espanha e outras boas seleções. Agora só os pegaremos nas fases finais, se chegarmos, queira Deus!

            Hoje vi uma coisa interessante: Um jogador da Coreia do Sul dera umas pedaladas na frente do zagueiro uruguaio, uma beleza de jogada. Aí o locutor da Globo, querendo que o Robinho não ficasse por baixo foi logo dizendo que foram apenas cinco gingas, enquanto que o nosso valoroso atleta dera oito num jogo de campeonato em São Paulo. A meu pensar, se for medir a quantidade de fezes que um atleta nosso expele certamente vão dizer que é o maior cagão do mundo...

            Olha, a ida de Gana para as quartas-de-final, o único time africano que escapou, é mais uma prova cabal de que o futebol está no sangue dos nossos antepassados, que desenvolveram o nosso país, escravizados, maltratados, discriminados, mas gente de vergonha na cara, que sabe ser responsável nas horas necessárias.

            Bem, com essas críticas até amenas não estou dizendo que não poderemos ser campeões. Nada disso, esse futebol está nivelado por baixo. Veja-se, por exemplo, a Argentina, que quase não passa nas eliminatórias, seu técnico nunca o fora, mas arregimentou gente conhecida numa comissão, que abafa qualquer problema, inclusive sabendo levar muito bem a imprensa, tornando-o popularíssimo mais ainda do que o presidente da república portenha.

            Eu não gostaria de estar na pele do Dunga!

 

 

Fico por aqui.

Um abraço.

Em revisão.


ansilgus
Enviado por ansilgus em 26/06/2010
Reeditado em 14/07/2010
Código do texto: T2342932
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