Copa do Mundo - Diário de um torcedor (XI) - Brasil 0 x 0 Portugal: cadê a imaginação?...
Copa do Mundo - Diário de um torcedor (XI) - Brasil 0 x 0 Portugal: cadê a imaginação?...
Com o avanço da seleção brasileira na Copa do Mundo da África do Sul, o entusiasmo popular cresceu. Toda a sorte de traquitanas com as cores da seleção estão à venda, nos shoppings, lojinhas de bairro, lojas de R$ 1,99, nas lojinhas dos bairros e camelôs.
As mulheres se esbaldam, comprando os mais diversos modêlos de blusas, pulseiras e bandanas. Os homens preferem os chapéus, bonés, óculos e chapéus espalhafatosos, bem típicos do clima da festa sul-africana. Os meninos, entretanto, gostam é de objetos que façam barulho - buzinas, cornetas, "palmas" e, coisas assim.
Na rua de minha casa, fizeram um mutirão, na tarde de quinta-feira, para trançar barbantes com bandeirinhas do Brasil, de um lado para outro da rua, que virou uma mistura de arraial de São João com decoração de torcida. Minha esposa e meu filho, estavam no meio, alegres e que só...
Veio a jogo entre o Brasil e Portugal. Jogo pegado, porém preguiçoso nos objetivos, pois sua disputa foi tratada pelos técnicos de ambos os selecionados apenas como cumprimento de tabela, cuja importância não valia grandes esforços ou riscos.
Ao contrário do que afirmou um jornalista da TV Bandeirantes (Band), não se tratava de um jogo de seleções representantes do povo outrora colonizador e, do povo outrora colonizado, afirmação estúpida em que está embutido o raciocínio manjado, redutor e, infantil, típico do esquerdismo, vigente em boa parte das instituições brasileiras, incluída a imprensa.
Ora, o Brasil só veio a se constituir numa nação independente a partir do século XIX, com a declaração de independência (o que leva à conclusão de que, entrar numas de chorar as pitangas em relação ao que ocorreu na período da colonização da porção oeste do américa do sul e, satanizar os portugueses como tipos gananciosos, torpes e exploradores, é uma bobagem sem fim, pois se o território em questão não tivesse sido colonizado pelos portugueses, sofreria o mesmo processo, por outra nação envolvida no processo de expansão ultramarina europeu, por exemplo, os espanhóis, franceses ou holandeses, que se utilizariam do mesmo expediente usado pelos outros, para estabelecer um sistema de produção local).
Nesse sentido, é preciso ressaltar: nós erigimos um grande e respeitado país a partir de noções e valores herdados dos especialmente dos portugueses, o que a noção de Estado, política, religião e, cultura.
Uma partida entre o Brasil e Portugal, dentro da Copa do Mundo, portanto, é um evento à parte, que chama à atenção pela ligação histórica, cultural e até sentimental, entre nossos povos, o que pode ser inferido até mesmo na comparação dos brasões das duas seleções: a cruz de malta vazada da seleção portuguesa, aparece no brasão da seleção brasileira decomposta em duas - a gamada, chapada, sobreposta à cruz vazada. E o escudo, que no Brasão português, se sobrepõe à cruz, aparece em forma bem semelhante no uniforme da seleção canarinho, envolvendo as cruzes sobrepostas...
Voltando à disputa da partida em campo, aparentemente, para mim (que, já ressalvo, não manjo quase nada de esquemas táticos), não houve nada de novo, em termos do futebol apresentado pelas duas equipes. Todavia, a despeito disso, ela não foi de todo perdida, pois serviu para demonstrar que a equipe portuguesa pode ter grandes problemas com equipes mais sofisticadas, que saibam se impor em campo, e neutralizar seu contra-ataque luso. E se viu também que, a equipe brasileira pode perder a sua mais efetiva alternativa de ataque, se houver marcação adequada no setor direito.
Ficou evidente, ainda, a dependência do bom desempenho em campo de Cristiano Ronaldo, para o sucesso do ataque português e, que, do lado do Brasil, a seleção não prescinde, a essa altura, da presença de Robinho e Kaká, para que seu ataque se entusiasme e, funcione.
Alguns dos xodós da imprensa nacional foram amplamente testados em campo, ontem e, ficou evidente que eles são bem melhores no conceito que tem com os jornalistas, do que jogando pela seleção, em campo - é o caso do esquentado Daniel Alves e Júlio Batista.
Dunga pôs a seleção com a tabela na mão. Conseguiu o empate e e o primeiro lugar da equipe, na chave. Mas, é claro, para o torcedor brasileiro, que não espera menos que bom espetáculo e gols, ficou aquela sensação de que dava para a seleção ir mais além...
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Em Goiânia, me diz meu filho, o parque Vaca Brava virou o ponto de encontro da torcida, depois dos jogos. Som automotivo e uma multidão de camisetas amarelas, festejando a seleção - à parte, a azaração entre a molecada.
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No site da Veja on line, publicaram um artigo sobre as origens (e a sorte) do apelido do técnico da seleção brasileira, retrocedendo até um termo africano, "n'dunga".
Só acho que o autor ciscou, ciscou e, não explicou a origem do apelido. Então, apresento minha versão: "Dunga (ainda que remeta ao termo de origem africana)", é o nome popular dado à carta do coringa do baralho, no interior do Brasil. E o personagem é apresentado com um gorro cheio de pontas e orelhas ponteagudas. O técnico da seleção tem o cabelo espetado e orelhas ponteagudas, lembrando o personagem. Daí...
É o mesmo caso do apelido do jogador Vampeta. Ele desconversa, a imprensa nunca conseguiu decifrar a coisa, mas não é difícil de explicitar: "Vampeta" é o nome de um personagem de desenho animado - uma bruxa horrorosa, filha de um vampiro, que aparece num desenho do Popeye, dos anos 80. Razão provável do apelido? Mais jovem, o jogador deveria ser bem mais feio do que é hoje em dia...
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Recebi alguns e-mails de amigos me convidando para participar de uma campanha de suposto apoio ao técnico Dunga, assistindo a transmissãodo jogo a partir de uma "outra emissora".
Sem essa: em primeiro lugar, porque, no caso, o errado é o técnico da seleção brasileira, que, sob a alegação de assédio de jornalistas da Rede Globo sobre os jogadores, promoveu um festival de palavrões e falta de respeito, numa entrevista coletiva que o mundo todo acompanhou, nos envergonhando diante do mundo, por exibir um homem desequilibrado, diante do seu meio e ambiente de trabalho - do qual, a imprensa é, sem dúvida, parte. Em segundo lugar, porque esse campanha é patrocinada por essa gente que está sempre envolvida em algum complô, teoria da conspiração ou, objetivo escuso, inclusive em relação à Rede Globo, cujo exercício de liberdade na pauta jornalística, não toleram ou aceitam...
O modêlo de televisão que essa gente quer ver instituído já tem um protótipo: é a TV Brasil, de Franklin Martins. Quem assiste ou tolera aquela tosqueira?
Boa parte do que conhecem do Brasil lá fora deve ser creditado à divulgação feita através das novelas, séries e programas realizados pela Rede Globo. E fim...
Afinal de contas, onde eu encontraria tanta qualidade e competência na transmissão dos jogos da Copa do Mundo?