O quarto que não é o meu

Perdi o carregador do meu celular. E o mais contraditório é que perdi por ter arrumado meu quarto. Enquanto ele estava uma zona, sabia muito bem onde é que o carregador estava, lá junto daquele prato, embolado com algumas meias debaixo da minha cama. A minha bagunça é organizada. Eu sei onde as coisas estão, ninguém tem que ficar mexendo. Quer tal coisa? Sei de cara, mas se arrumar meu quarto, aí fode tudo.

Com o meu guarda-roupa tem que se ter cuidado. Se cair lá dentro já era, aí precisa de mapa para sair, ou seguir a estrada de tijolos amarelos e rogar ao Mágico de Oz.

Na minha cama dormem (sim no plural) eu, livros, celular, controle, uma bota de chuva, o até então carregador, um copo com metade de um refrigerante e um pacote de bolacha já vencida.

Claro que eu arrumo meu quarto. Do meu jeito, mas arrumo. E podem perguntar para quem frequenta minha casa. A bagunça nunca é a mesma. Só que mesmo assim, eu sei onde tudo está.

Sei que é feio, mas fazer o quê. Prefiro ser organizado em outras coisas, do que ser somente no quarto. Tipo…sou organizado heim… heim…

Quando ele tá arrumado até parece que não é o meu. “Pera aí, entrei na casa certa?”

Mas arrumá-lo até tem o seu lado bom. Da última vez, consegui juntar cinco reais com as moedas que ia encontrando espalhadas pelos locais mais improváveis. Além de ajudar a lembrar de coisas que nem se quer você fazia ideia de existir. Como por exemplo, o livro emprestado da biblioteca, ou o filme alugado. Por causa disso, já fiquei devendo 35 barão na biblioteca da faculdade.

Às vezes aparecem coisas que eu nem sei de quem é. Agora pouco, quando fui procurar o carregador, encontrei um livro de ginecologia prática.

E o mais interessante é que comprei uma antena externa. Leia bem, caro internauta, externa. Mas onde é que ela está? Aqui no meu quarto. Aquele trambolho parabólico dentro do quarto. Externa mesmo só está do guarda-roupa. E o pior é que só funciona a Globo e a Record.

Ê laiá…meu quarto é uma casa nova dentro da minha casa.

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Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 26/06/2010
Código do texto: T2341673
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