REFLEXÃO DE INVERNO...
 
Nesta tarde , sentada confortavelmente  no jardim de inverno interrompo a leitura, para apreciar o vôo extasiante do beija flor sobre as flores do meu pé de manacá...
Uma pausa forçada, para admirar a natureza avaliando a minha vida... Há 25 anos moro nesta casa estive sempre correndo, para cumprir com os meus compromissos e poucas foram às tardes de inverno que desfrutei deste cantinho tão acolhedor.
Neste ano diminui as minhas atividades profissionais. Afinal, a pressa terminou há muito tempo, os meus filhos estão casados, muito bem casados, os seus filhos já estão criados, e os meus proventos são suficientes, para garantirem a minha velhice. Nada justifica essa minha ânsia de continuar exaustivamente estudando e trabalhando sempre apressada, como fosse tirar o “pai da forca”.
Acredito que, para as mulheres da minha faixa etária 55 – 65 anos. Seja  difícil, senão impossível  encararem com tranqüilidade um sombrio quadro do futuro no qual poderão ser dependentes dos filhos  – quando eles existem – para que seu padrão atual de vida não escape pelos dedos.
Aquelas que não conseguiram, ainda, uma estabilidade econômica financeira, e que não tiveram meios, para agora se apoiarem num patrimônio, mesmo modesto, se preocupam com o envelhecimento físico na medida em que ele possa significar a perda da saúde e da energia para prosseguirem sua batalha pela sobrevivência.
 Para essas mulheres perderem o viço da juventude é uma questão secundária. Elas tem medo da velhice. Elas têm pavor de empobrecer.
Não tenho medo de envelhecer. Alias, já estou envelhecendo em ritmo natural, ate agora sem plástica estética nem obsessão pela forma física, apesar de me ocupar com a minha boa aparência. Ser vaidosa é a nossa grande arma para nos mantermos sempre viçosas elevando a nossa auto estima.
Envelhecer com saúde, interessada e produtiva ate onde der na velhice, nunca perder a curiosidade pelas coisas do mundo, mas se encontra ligada por delicados fios da espiritualidade, e uma fase da vida como outra qualquer.
A algazarra das crianças saindo da escola interrompe essa minha reflexão, é hora de tomar um cafezinho bem forte e continuar a minha leitura.