Amor, Respeito e Acolhimento
Amor, Respeito e Acolhimento
A meu pedido, em função do rapaz de Brasília que agrediu as enfermeiras e o comentário de uma colega de trabalho, volto ao tema.
Apesar de entender sua função cultural, não priorizo para as relações interpessoais, a máxima cristã de “amar o próximo como a si mesmo”. O amor é narcísico e só em condições características se digna voltar para um alguém especial.
Prefiro o respeitar, atributo mais acessível, sujeito a aprendizagem e não a fatores intrínsecos, misteriosos, quase mágicos que envolvem o amar.
Ainda que considero a capacidade de amar o sinal do desenvolvimento bio-psico-social saudável, defendo que, mesmo que vicissitudes da vivência tenham prejudicado o seu florescimento, ainda é possível aprender a respeitar – você não ama, mas respeita.
Os manuais circulando nas escolas, nos serviços públicos, principalmente de saúde, são ricos em detalhar os comportamentos que demonstram o acolhimento. São tão contundentes que transformam o VERBO em SUBSTANTIVO e minha colega, ao contrário de acolher, “faz acolhimento”, do mesmo modo como afere pressão, manda aguardar na fila, esperar o mês que vem.
O acolhimento envolve, inclusive frases, sorrisos, apertos de mãos, olhares, interesse, curiosidade técnica, mas acima de tudo uma atitude de respeito, impregnada de afetividade que se aprende ao longo da vida, mesmo que não se ame.
Atitude acolhedora costuma minimizar o impacto emocional de um acontecimento traumático, a dor indescritível de uma perda, a sensação indestrutível de não ser amado e pode evitar muitos transtornos nas portas de Pronto Atendimento, Centro Cirúrgico, Posto de Saúde, locais frequentados por pessoas fragilizadas, no limite de romper a serenidade e cometer desatinos dos quais vai se arrepender depois, às vezes tarde demais!!!