Se come buchada?!

O escritor é quenem garimpeiro: quando acha um veio, tá na boa. E, a partir da crônica anterior, achei um veio bom: meu irmão, cabra sem-vergonha batizado; uma mistura de maloqueiro e capitalista.

Sabendo embora que não dá pra evitar acusações de plágio (quem sabe, amanhã, meu próprio irmão não me processa?), calúnia, difamação, injúria; fora deserdação, barramento em churrascos, batizados, natais, viradas de ano etc. (pô, o finalzinho das pragas até que tem um lado bom; churrasco à parte…), vou inventar nomes pruns personagens. A começar por ele, que chamarei de Loquinha.

Assim, se algum parente vier tacar pedra em mim (digo só em mim porque, conforme vocês verão, a primeira atitude de Loquinha seria dizer que tem nada com isso; que quem escreveu fui eu, contra conselho dele, e ficar se abrindo por trás), terá ao menos o trabalho de provar que foi ele (parente) quem fez a merda ou é vítima de má-fama; que eu (Pablo) escrevi nessa intenção e que ele (Fabrizzio) me usou como instrumento pra divulgar uma puia, uma fuleragem, uma gréia. Se isso acontecer, paciência.

De modo que, a partir desses dias, esse blogue passa a ter duas vertentes. Uma a que chamarei Liturgia Rasa, e outra, a que chamarei Fuleragem Funda. A diferença? Vocês verão com o tempo.

Explicação posta, e como já comi muita tela com essas considerações, vou tacar uma rapidinha de Loquinha:

Um dia, meu tio Cícero Péricles, sujeito brilhante em Economia e convivência, estava na varanda lá de casa, de um lado pro outro, angustiado, enquanto Loquinha se balançava na rede, olhando pro jardim com sua falsa indiferença.

Tendo os braços cruzados por trás da nuca, virou o quengo, mediu tio Cícero dos pés à cabeça e perguntou:

– Que foi, tio Ciço? Tá aperreado?

– Tô, rapaz. Vou fazer uma buchada…

– Que é que há, tá faltando carneiro?

– Não. É que não sei se seu tio Ademir come buchada!

– Tá falando do tio Ademir, o “molusco” de tia Jurema?

– Sim.

Fazendo uma cara de indignação paraguaia, Loquinha lascou:

– O cabra come a tia Jurema, avalie uma buchada…

E voltou os olhos pro jardim.