Dai a César o que é de César. E o que não é também.

Quando Cristo foi indagado pelos fariseus se seria justo pagar os tributos cobrados pelo Imperador romano Júlio César, Cristo respondeu: Dai a César o que é de César. Deixando os hipócritas sem rumo e sem palavras e ao mesmo tempo lançando as bases da separação da ordem da política e a ordem do espírito. Essa passagem bíblica se mostra tão atual que poderemos criar em nossa imaginação uma situação semelhante em nosso mundo capitalista. Então... imaginemos um personagem e paciente chamado “povo”, deitado num divã e um psicanalista apto a escutar suas lamentações e repúdios. Entretanto, perguntar sobre tributos nos dias de hoje é mil vezes mais complicado do que naquela época e com certeza o povo teria que seguir alguns conselhos, para não deixar o psicanalista em apuros e para não complicar o que já é complicado. O primeiro passo seria saber qual tipo de imposto está se falando. Isso é, se o povo já conhece todo esse emaranhado de siglas que o envolve: IOF, CPMF, COFINS, ICMS, PIS, IRRF, ISS, etc, etc, etc e tal. O segundo passo seria tentar não misturar as siglas de impostos com outras que avivam nosso cotidiano, como: DNA, Gb, HD, RPM, XP, TGA, DVD, MP3, JPEG, PDF, NBA, TSE, FIFA, CBF, e por aí vai. O terceiro passo é não exigir muito do psicanalista, pois com certeza ele não saberá explicar nada do que queremos saber. Afinal, vivemos num país de terceiro mundo (apesar do segundo nem mais existir) e pagamos impostos como se fossemos de primeiro. O quarto passo é saber se a consulta é gratuita ou paga pelo SUS, caso contrário saia enquanto é tempo do consultório. Agora, saindo da ficção e voltando para a realidade, vamos analisar os nossos tributos. Só que antes uma ressalva, tributo tem duplo sentido, pode ser elogio / homenagem ou imposto, e lógico que estamos falando da segunda colocação. Pagamos pra nascer, pra morrer e pra viver nem se fala, vivemos pra pagar e essa é a nossa cultura nacional e nossa penitência. Pagamos de tudo, e só perdemos pra Dinamarca nos impostos sobre salário no mundo, 43% contra 42%, confesso que nesse campeonato gostaria de ver o Brasil na lanterna. Trabalhamos o ano inteiro e 40% do que ganhamos são impostos, pra termos saúde, segurança, educação ,etc(na teoria). Como em parte não temos, somos obrigados a ter tudo isso na esfera particular e lá se vai o resto que sobrou. Mas, nós como (povo brasileiro) somos mágicos, conseguimos aos trancos e barrancos comprar algumas coisas e vejam só os absurdos de impostos embutidos que pagamos: carro zero 43,63%, energia elétrica 45,80%, gasolina 53,03%, DVD 38%, açúcar 40,50%,casa popular 39,50%. UFA!!! É bronca amigo. E se depois de tudo isso, você não se dá bem com a sogra, seu vizinho lhe enche o saco e sua mulher estoura seu cartão de crédito, não se desespere. Afinal, botar a boca no trombone pode lhe custar caro, esse instrumento tem 40,84% de tributos e se você pensar em encher a cara na birita, aí a desgraça tá feita! a cachaça tem 83,07% de impostos. Então, é por essa e outras que não entre em colapso emocional caro colega, porque o único pagamento que não

Tem imposto é o do “mico”...e isso por enquanto.

Nelson Rodrigues de Barros
Enviado por Nelson Rodrigues de Barros em 06/09/2006
Reeditado em 06/09/2006
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