Sou viciado em droga
De uns anos para cá, passei a ser dependente de droga. Todos os dias me encontro dopado com substância química que me faz dependente. Tem pessoas que são viciadas em chocolate, outras gostam de cheiro de gasolina, algumas não vivem sem Coca-Cola e até as que têm fissura por internet, incluído Twitter, Orkut, blog e outras interatividades. Conheço um cidadão que gosta muito de passar a mão na tela da TV quando acaba de desligar, pra sentir na pele a eletrostática que arrepia os pelos. Passa o dia ligando e desligando... Tem viciado em tudo! Mas são vícios inocentes, tipo cheirar fósforo queimado, extrato de banco, sabão em pó.
Outro tem o costume de chupar gelo e comer comida japonesa, enquanto rói a unha, estala os dedos e morde os lábios. É um poli-viciado, palavra que acabei de inventar e nem sei a grafia direito. Tem pessoas também viciadas em sexo, o tal do Comportamento Sexual Compulsivo. Nas mulheres, dá-se o nome de ninfomania. Enfim, tem tarado para todos os gostos.
Mas o caso é que eu sou viciado em droga, uso todo santo dia, e esse vício é uma doença milenar. Incomodo a família às vezes, acordando todo mundo de madrugada. A droga de que faço uso constante é uma substância química que contém noradrenalina, dopamina e acetilcolina. Sua denominação se origina da morfina, que é um analgésico poderoso. Ao entrar na corrente sanguínea, essa droga proporciona sensação de euforia e bem-estar, dá prazer, aumenta a resistência, a disposição mental, alivia as dores e tem efeito de curta duração. Chama-se endorfina e é liberada pelo organismo quando você pratica alguma atividade física. Você já ouviu falar que exercício vicia? Algumas pessoas realmente são viciadas em atividade física. Esta dependência causada pelo exercício é devido à endorfina. Por isso caminho cinco quilômetros diariamente. Frase clássica dos caminheiros: caminhar não acrescenta dias à sua vida, mas vida aos seus dias. Achando pouco, também aproveito para tomar generosas doses de serotonina, outra droga que é sedativa e calmante.
Um vizinho tenta me viciar em drogas pesadas, tocando no volume máximo os discos de “Aviões do Forró”, “Calcinha Preta” e outras bugigangas “musicais.” Como antídoto, ataco de Antonio Nóbrega, Clã Brasil, Marinês e Zeca Baleiro. Música ruim de qualidade também pode viciar. Cuidado com seu vizinho pagodeiro ou forrozeiro de mala de carro.
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