A NEVE
Estava decidido, desde o início, não seguir por aquele caminho da Serra pelos perigos que apresentava.
No mapa foi marcado o itinerário, a lápis vermelho, e esse contornava essa Serra que queríamos ultrapassar para grande desgosto dos nossos rapazes que queriam ver neve, muita neve... Apesar de terem nascido no Norte era nos arredores de Lisboa que vivíamos desde que eles eram muito pequenos e aqui não neva...
Era Domingo de Páscoa e estávamos precisamente no Norte, em casa dos meus pais.
A meio da manhã, depois da Missa a que todos assistimos, começou a nevar para grande alegria deles! Mas a nevada esperada resumia-se a uns magros farrapos...
Nós, lembrando-nos então das fortes neves caídas havia anos na Sede do Concelho de Penedono, resolvemos levá-los lá pois são lendários os nevões de Penedono.
Pegámos no carro e lá fomos.
Decepção total!...
Não havia neve em Penedono!
Regressámos a casa dos meus pais para o almoço de família e depois dele rumámos em direcção à nossa.
Volvidos poucos Kms o meu marido propõe-me irmos por Trancoso onde esperamos encontrar neve que alegre os rapazes.
Anuí e assim fizemos.
Não havia neve em Trancoso!
Quem está em Trancoso dá um salto à Guarda, uma das cidades mais frias de Portugal. Aí haveria neve certamente...
Concordámos todos em seguir para a Guarda.
Não havia neve na Guarda!
Os rapazitos estavam desolados...
Resolvemos então por fazer o que não estava nos nossos planos: subir ao alto da Serra da Estrela e descê-la pela outra encosta.
E entre a Guarda e Manteigas, numa pequena encosta e depois de uma curva, a visão de sonho dos nossos filhos:
NEVE! Muita NEVE!
O pai estaciona o carro e imediatamente eles se precipitam para ela em grandes gargalhadas!
Os quatro subíamos de gatas pela neve e deixávamo-nos escorregar e rebolar por ela abaixo! Foram momentos inesquecíveis de pura alegria! Já todos tínhamos neve em todo o lado e tivemos de mudar de roupa entre risos e gargalhadas!
De Manteigas às Penhas Douradas, já ao entardecer, entrámos numa outra dimensão... Um espesso manto de neve tudo cobria e a luz dourada do sol poente tingiu a paisagem de tal modo que até os garotos perderam o folgo com tamanha beleza!
E fomos subindo a Serra e cada vez mais se acentuava a estranheza: um vento forte e agreste, quase paralelo ao solo fustigáva-nos e empurráva-nos o carro em direcção a um declive acentuado.
Já noite cerrada chegámos ao cume da Serra.
Os nossos filhos pediram ao pai que parasse o carro para que pudessem sentir aquela tão grande tormenta ao que ele concordou. Saímos do carro e ali estivemos uns momentos no meio do temporal, vivendo aquela experiência única para nós, bichos dos arredores de Lisboa!
O vento forte zunia, levantava e arrastava a neve fazendo lembrar um rio de leite que corria pela estrada...
Nos poucos Kms que nos levaram a Seia, regressámos rapidamente ao nosso Universo, à nossa Dimensão... A cada curva de estrada feita, a paisagem tornou-se mais familiar: o vento amainou, havia cada vez menos neve, apareceram os arbustos verdes, depois alguns pinheiros...
Ainda hoje recordamos esse domingo como O Dia Mágico das nossas vidas!
Beijinhos,
Estava decidido, desde o início, não seguir por aquele caminho da Serra pelos perigos que apresentava.
No mapa foi marcado o itinerário, a lápis vermelho, e esse contornava essa Serra que queríamos ultrapassar para grande desgosto dos nossos rapazes que queriam ver neve, muita neve... Apesar de terem nascido no Norte era nos arredores de Lisboa que vivíamos desde que eles eram muito pequenos e aqui não neva...
Era Domingo de Páscoa e estávamos precisamente no Norte, em casa dos meus pais.
A meio da manhã, depois da Missa a que todos assistimos, começou a nevar para grande alegria deles! Mas a nevada esperada resumia-se a uns magros farrapos...
Nós, lembrando-nos então das fortes neves caídas havia anos na Sede do Concelho de Penedono, resolvemos levá-los lá pois são lendários os nevões de Penedono.
Pegámos no carro e lá fomos.
Decepção total!...
Não havia neve em Penedono!
Regressámos a casa dos meus pais para o almoço de família e depois dele rumámos em direcção à nossa.
Volvidos poucos Kms o meu marido propõe-me irmos por Trancoso onde esperamos encontrar neve que alegre os rapazes.
Anuí e assim fizemos.
Não havia neve em Trancoso!
Quem está em Trancoso dá um salto à Guarda, uma das cidades mais frias de Portugal. Aí haveria neve certamente...
Concordámos todos em seguir para a Guarda.
Não havia neve na Guarda!
Os rapazitos estavam desolados...
Resolvemos então por fazer o que não estava nos nossos planos: subir ao alto da Serra da Estrela e descê-la pela outra encosta.
E entre a Guarda e Manteigas, numa pequena encosta e depois de uma curva, a visão de sonho dos nossos filhos:
NEVE! Muita NEVE!
O pai estaciona o carro e imediatamente eles se precipitam para ela em grandes gargalhadas!
Os quatro subíamos de gatas pela neve e deixávamo-nos escorregar e rebolar por ela abaixo! Foram momentos inesquecíveis de pura alegria! Já todos tínhamos neve em todo o lado e tivemos de mudar de roupa entre risos e gargalhadas!
De Manteigas às Penhas Douradas, já ao entardecer, entrámos numa outra dimensão... Um espesso manto de neve tudo cobria e a luz dourada do sol poente tingiu a paisagem de tal modo que até os garotos perderam o folgo com tamanha beleza!
E fomos subindo a Serra e cada vez mais se acentuava a estranheza: um vento forte e agreste, quase paralelo ao solo fustigáva-nos e empurráva-nos o carro em direcção a um declive acentuado.
Já noite cerrada chegámos ao cume da Serra.
Os nossos filhos pediram ao pai que parasse o carro para que pudessem sentir aquela tão grande tormenta ao que ele concordou. Saímos do carro e ali estivemos uns momentos no meio do temporal, vivendo aquela experiência única para nós, bichos dos arredores de Lisboa!
O vento forte zunia, levantava e arrastava a neve fazendo lembrar um rio de leite que corria pela estrada...
Nos poucos Kms que nos levaram a Seia, regressámos rapidamente ao nosso Universo, à nossa Dimensão... A cada curva de estrada feita, a paisagem tornou-se mais familiar: o vento amainou, havia cada vez menos neve, apareceram os arbustos verdes, depois alguns pinheiros...
Ainda hoje recordamos esse domingo como O Dia Mágico das nossas vidas!
Beijinhos,